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Talíria Petrone: "Pra nascer um Brasil novo"

Professora de história, a deputada federal pelo PSOL do Rio de Janeiro concorre à reeleição com propostas de defesa dos direitos humanos, das mulheres, população negra e LGBTQIA+

20 set 2022 - 15h55
(atualizado às 18h31)
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Imagem mostra a candidata a deputada federal Talíria Petrone (PSOL-RJ).
Imagem mostra a candidata a deputada federal Talíria Petrone (PSOL-RJ).
Foto: Imagem: Reprodução/ Redes Talíria Petrone / Alma Preta

Mulher negra, mãe, feminista e ecossocialista, Talíria Petrone (PSOL) é deputada federal pelo Rio de Janeiro e atual candidata à reeleição. Também professora de História e mestre em Serviço Social e Desenvolvimento Regional, ela deu aula por 10 anos antes de entrar efetivamente na política institucional.

"Dei aula na Maré, em São Gonçalo e em Niterói e a realidade das escolas sempre me motivou a ir à luta. Foi da sala de aula que veio a vontade de transformar a sociedade", explica.

Nascida em Ponta d'Areia, em Niterói, Talíria Petrone Soares (37) se filiou ao Partido Socialismo e Liberdade em 2010 e passou a militar nas fileiras do partido, em diversas pautas, sobretudo nas lutas das mulheres e do movimento negro. "Minha atuação na militância me mostrou a necessidade de ter mais de nós na política institucional", destaca.

Seis anos após já estar filiada ao PSOL, em 2016, Talíria decidiu se candidatar a vereadora em Niterói, a partir de uma construção também com outras mulheres. Na época, foi realizada uma campanha por uma Niterói negra, feminista, LGBT e popular. Talíria foi eleita a vereadora mais votada da cidade nessa eleição.

"Por mais de um ano, fui a única mulher na Câmara Municipal. Também presidi a Comissão de Direitos Humanos da Criança e do Adolescente e tive um dos mandatos mais jovens e propositivos da Casa", relata.

A deputada federal também relata que, após o assassinato de sua amiga, companheira de luta e vereadora Marielle Franco (PSOL), foi vista a necessidade de dar consequência política ao crime que marca a "ainda frágil e incompleta democracia".

Assim, em 2018, Talíria Petrone foi eleita deputada federal pelo PSOL com 107.317 votos, sendo a nona mais votada do estado do RJ. No primeiro ano de mandato em Brasília, ela foi membro titular da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, onde combateu a Reforma da Previdência do governo Bolsonaro. Também foi a primeira parlamentar negra e mãe a liderar a bancada do PSOL na Câmara em 2021.

Leia mais: Para cada prefeita negra, foram eleitos 15 homens brancos, aponta relatório

Lutas de seu mandato

"As pautas que defendemos são as que atendem aos direitos do povo já tão sofrido, sobretudo das mulheres, da população negra, dos povos indígenas e quilombolas e da população LGBTIA+. Os desafios sob o governo Bolsonaro são muito maiores, à medida que este tem sido um governo de destruição e de retrocessos nunca vistos na história democrática", pontua a candidata.

Entre algumas de suas ações durante a gestão como deputada federal entre 2019 e este ano, seu mandato apresentou projetos de lei para garantir mais direitos para as mulheres, como o que reconhece o cuidado materno como trabalho para fins de aposentadoria e o que determina a licença parental de 180 dias.

Para a população negra, foi apresentado projeto que prevê atenção à saúde qualificada em casos de calamidade pública e de emergência sanitária, como a pandemia da Covid-19, e o que acaba com o reconhecimento fotográfico como única prova para condenação ou prisão.

Já para a população LGBTI+, há o projeto de lei que prevê a organização de dados no sistema de saúde pública e o da dupla maternidade ou paternidade na certidão de nascido vivo para casais homoafetivos.

"Esses são apenas alguns PLs, além das várias emendas que apresentamos em articulação com movimentos sociais de nosso estado voltadas, sobretudo, à educação, saúde e à negritude", explica a deputada, que também é parte da iniciativa Quilombo nos Parlamentos, que reúne candidaturas negras comprometidas com a luta contra o racismo.

Algumas pautas que esteve contra durante os anos de mandato foram: liberação de agrotóxicos, código de mineração, operações policiais em favelas e Mini-Reforma Trabalhista.

Grávida pela segunda vez, Talíria também complementa que o desafio, em um segundo mandato, é seguir lutando para garantir direitos às mulheres e à população negra. "Como mãe, também trago o desafio do reconhecimento de que nossa maternidade é política, da importância de garantir condições para que as mulheres mães possam estar em todos os espaços que quiserem, inclusive nos espaços da política", ressalta.

Leia mais: Áurea e Talíria enviaram mais de R$11 milhões para projetos de igualdade racial

Caminhar para gerar mudanças, apesar da violência política

Conforme já noticiado em matéria anterior da Alma Preta Jornalismo, Talíria Petrone é uma das parlamentares que já solicitou escolta armada mais de uma vez por causa de ameaças que recebeu.

De acordo com um levantamento da UniRio, os casos de violência política cresceram 335% no Brasil nos últimos três anos. Foram identificados 214 registros no primeiro semestre de 2022, contra 47 casos no mesmo período de 2019, ano inicial do estudo.

Mesmo em meio à violência política, a deputada federal conta à Alma Preta que não se pode recuar um milímetro sequer na luta. "O que precisamos é de mais de nós no Legislativo, para que a nossa gente se veja representada naquele espaço que eu costumo dizer que é tão pouco nosso", ressalta.

"Cada vez mais precisamos mudar a fotografia do poder. E esse poder precisa ser preto, mulher (e feminista), indígena, quilombola e LGBT. Por isso, é tão importante que não só as mulheres negras que já ocupam cargo continuem lá, mas também que novas sejam eleitas. É essa necessidade de mudar a fotografia do poder que me motiva a continuar, porque ainda temos muito o que avançar e a conquistar", finaliza.

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Alma Preta
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