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'Temos que pagar', disse Cuca em entrevista há 35 anos sobre violência sexual

Técnico foi condenado por estupro de uma garota de 13 anos na Suíça, em 1987

29 abr 2023 - 13h37
(atualizado às 13h44)
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Cuca deixou o comando do Cortinhians após virem à tona acusações de estupro contra adolescente de 13 anos em 1987. Na época, ele defendia o Grêmio e foi acusado e condenado a 15 meses de prisão e pagamento de multa pelo caso de violência sexual. 

Em entrevista a jornalista em 2021, Cuca negou acusações e chegou a dizer que tinha uma vaga memória do episódio. "Eu tenho uma lembrança muito vaga, até porque não houve nada. Não houve estupro como falam. Houve uma condenação por uma menor ter adentrado o quarto, simplesmente isso. Não houve abuso sexual", disse.

Entrevista publicada em 30 de agosto pelo jornal Zero Hora de 1987, no entanto, revela um posicionamento diferente do ex-jogador. "Jamais pensei que uma coisa assim pudesse acontecer comigo. Não sei se foi ato infantil, um passo em falso, mas é difícil julgar os 50 dias em poucos minutos. Só posso garantir que isso nunca se repetirá. A tensão e a angústia quase me mataram. Se tivesse que ficar preso, eu preferia morrer. Eu pensava na minha mulher, quase nunca dormia", disse ao jornal na época.

Cuca anunciou saída do Corinthians na madrugada do último dia 24
Cuca anunciou saída do Corinthians na madrugada do último dia 24
Foto: CartaCapital

"Passei 10 dias sem falar nada e só me acalmava com injeções e sedativos. Foi um longo martírio de reflexão... tive medo de ficar traumatizado sem saber qual a reação das pessoas, dos torcedores, dos dirigentes. Estou de braços abertos para qualquer decisão. Temos que pagar, todos os envolvidos. Não adianta separar menor ou maior participação", contou.

Prova da Justiça da Suíça

A reportagem do Jornal Nacional, da TV Globo, teve acesso ao processo judicial de 1.023 páginas, guardado nos Arquivos do Estado do Cantão de Berna, capital da Suíça. A Justiça da Suíça confirmou que havia sêmen de Cuca no corpo da adolescente de 13 anos, vítima de abuso sexual, em 1987. A afirmação foi da diretora da instituição, Barbara Studer, que leu o processo na íntegra.

Sem violar o sigilo, ela confirmou que fazem parte do processo informações publicadas em jornais suíços que cobriram o caso na época. Na semana passada, Cuca negou a situação em entrevista coletiva de apresentação no Corinthians, bem como qualquer relação com a vítima. 

Os advogados de defesa do treinador, Daniel Bialski e Ana Beatriz Saguas, enviaram a seguinte nota ao portal, negando mais uma vez o caso. 

"A defesa de Cuca reputa ser lamentável o irresponsável linchamento por situações ocorridas há 34 anos e contrária à realidade dos fatos. Reafirme-se que Cuca não manteve qualquer relação ou contato físico com a vítima, que, aliás, não o reconheceu, conforme confirmado por diversas reportagens daquela época. Distorções e especulações serão responsabilizadas cível e penalmente, ainda mais por se tratar de processo sigiloso, evidenciando a precariedade e inconsistência de qualquer pretensa informação fornecida por terceiros".

Em agosto de 1989, o jornal suíço Der Bund relatou que havia sêmen de Cuca no corpo da vítima, que teria tentado suicídio. Barbara Studer confirmou as informações.

"Posso dizer que o que está no artigo [do jornal] está correto. Realmente o que está provado é que houve uma situação sexual com uma menor de idade, de 13 anos", disse Barbara Studer.

Saída do Corinthians

Após pressão pública, Cuca deixou o comando da equipe do Corinthians. O treinador esteve à frente do clube em apenas dois jogos, na derrota contra o Goiás, por 3 a 1, pelo Campeonato Brasileiro, e no triunfo contra o Remo, por 2 a 0, que gerou a classificação às oitavas de final da Copa do Brasil.

Fonte: Redação Terra
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