Thiago Brennand é denunciado pela 6ª vez, agora por estupro de estudante de Medicina
Justiça brasileira aguarda processo de extradição do empresário, que está em liberdade provisória nos Emirados Árabes
SOROCABA - O empresário Thiago Brennand Fernandes Vieira, que está no exterior e já teve sua extradição pedida pela Justiça, tornou-se réu em mais um processo em que é acusado de crimes sexuais. Na sexta-feira, 16, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), acatou denúncia oferecida pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP) em que ele é acusado de ter estuprado a estudante de Medicina e ex-miss São Paulo Stefanie Cohen. Esta é a sexta vez em que Brennand se torna réu na Justiça paulista. Em dois casos, foram expedidos mandados de prisão contra ele.
No caso de Stefanie, a Justiça acatou também as denúncias pelos crimes de registro não autorizado da intimidade sexual e constrangimento ilegal. Conforme o TJSP, a Justiça brasileira aguarda o processamento de um pedido de extradição feito ao governo dos Emirados Árabes, país onde Brennand está em liberdade provisória. Ele foi preso pela Interpol em outubro último, em Abu Dhabi, mas foi libertado após pagamento de fiança. O brasileiro não pode mudar de endereço e é obrigado a comparecer às audiências determinadas pela Justiça.
Noite de terror
A estudante de Medicina contou ao Estadão que conheceu Brennand em outubro de 2021, quando comemorava a vitória no concurso Miss São Paulo de las Américas. Convidada para jantar, ela acha que foi dopada durante o encontro, pois começou a passar mal. Alegando o intuito de socorrer a jovem, ele a levou para um hotel. Stefanie disse que foi forçada, de forma violenta, a manter relações sexuais com o empresário. "Ele foi forçando a relação anal e eu me lembro de implorar que não, porque era uma coisa que eu nunca tinha feito. E ele forçando aquilo sem preservativo, sem nada."
Na manhã seguinte, após Brennand ter saído do quarto, ela tentou fugir, mas, ao abrir a porta, se deparou com um segurança armado. Mais tarde, o agressor passou a depreciar os atributos físicos dela, chamando-a de "Miss Paraíba", "gorda" e recomendando um cirurgião plástico. Quando conseguiu ir para casa, fingindo que estava tudo bem e que voltaria a se encontrar com ele, o agressor enviou vídeos íntimos feitos enquanto ela dormia. "Aquele vídeo disse tudo o que precisava ser dito, ou seja, era uma ameaça explícita", contou.
Em outro processo, Brennand se tornou réu por ter violentado uma mulher norte-americana. Conforme o MP, o empresário filmou a vítima durante os atos sexuais e ameaçou divulgar os vídeos, prática denomianada "revenge porn" (pornografia da vingança). Ele também foi acusado de estuprar e mandar tatuar suas iniciais no corpo de outra mulher. A vítima também foi mantida em cárcere privado. Ao menos dez mulheres ouvidas pelo Núcleo de Atendimento às Vítimas de Violência do MPSP já relataram abusos cometidos pelo empresário.
Agressão a modelo
Os casos vieram à tona depois que Thiago Brennand foi flagrado por câmeras agredindo a empresária e modelo Helena Gomes na academia de um shopping, em São Paulo. O empresário instigou o filho menor de idade a proferir agressões verbais contra a mulher, por isso, além das agressões, ele foi denunciado também por corrupção de menores.
Em outros dois casos, Brennand foi denunciado pela Justiça de Porto Feliz por agressão e ofensas contra funcionários do condomínio onde morava, em Porto Feliz. As vítimas são o garçom Vitor Igor Rodrigues Machado e o caseiro Agostinho Rodrigues da Silva. Brennand é processado também pela advogada e ex-promotora de Justiça Gabriela Manssur por injúria, calúnia e difamação.
O empresário está fora do País desde o dia 4 de setembro, um dia após ser denunciado pelo MPSP pela agressão à modelo. Após ter descumprido determinação da Justiça para retornar ao Brasil, ele teve a prisão decretada e passou a ser considerado foragido, mas foi preso pela Interpol. O TJSP já enviou às autoridades os documentos para extradição do réu. A documentação ainda é analisada pela justiça dos Emirados Árabes.
Procurado, o escritório HSLaw Hasson Sayeg, Novaes e Venturole Advogados, que defende Thiago Brennand, informou que não irá se manifestar.