Script = https://s1.trrsf.com/update-1734630909/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

TikTok Indígena: as possibilidades da comunidade virtual

Com milhões de visualizações, a hashtag une criadores e suas comunidades através do conhecimento e da disseminação de duas culturas

26 jul 2023 - 06h25
(atualizado às 12h00)
Compartilhar
Exibir comentários

Em tempos de novos caminhos e plataformas de redes sociais, o Tik Tok investe e suporta a criação de comunidades e novos aprendizados como uma plataforma de entretenimento. A forma de pesquisar e tornar compreensível ao algoritmo o que você tem interesse em consumir de desenha em torno do uso das hashtags ou palavras-chave que endereçam até o conteúdo esperado. É o caso da #TikTokIndígena, com mais de 2 milhões de visualizações, pouco perto da  #PovosIndigenas com mais de 226,7 milhões. 

O caminho endereçado através da hashtag apresenta ao público conteúdos de diferentes criadores de conteúdo, que compartilham suas experiências de fé, culturais e cotidianas. “Fico feliz pelas pessoas que realmente conservam e respeitam a nossa história. A nossa história sempre foi contada, mas por terceiros, outras pessoas e hoje chegou a nossa vez da gente falar por nós”, defende We’e’ena TIKUNA, estilista e  criadora de conteúdo na plataforma. 

Para We’e’ena TIKUNA, estilista e  criadora de conteúdo no TikTok, a moda também é ferramenta de expressão sobre o povo Tikuna, que vive em Tabatinga
Para We’e’ena TIKUNA, estilista e criadora de conteúdo no TikTok, a moda também é ferramenta de expressão sobre o povo Tikuna, que vive em Tabatinga
Foto: Acervo Pessoal

“Eu comecei em 2022, quando eu firmei com o Tik Tok para entregar conteúdo educativo. É uma forma de representar o meu povo nas redes sociais, porque hoje a internet é uma ferramenta  de poder muito forte para nós, para a gente mostrar a nossa cultura, as nossas danças e o povo que existe”, explica. Para We’e’ena, quem demonstra vontadede  acompanhar os conteúdos compartilhados na plataforma tem interesse genuíno de aprender mais sobre os povos originários, além de ampliar a comunidade no ambiente virtual.

Para José Kaété, que começou a produzir conteúdo depois da experiência como consumidor na plataforma, a dinâmica e a percepção são diferentes. O criador de conteúdo Tupinambá fala sobre cultura, mas também sobre fotografia e viagens. José considera que as pessoas alcançadas e que se tornam parte da comunidade no Tik Tok mudam de um vídeo para o outro. “Eu sinto que sempre são pessoas diferentes que comentam nos vídeos - principalmente nos que viralizam. No geral são comentários a favor da discussão ou com curiosidades, dificilmente eu recebo hate”, explica. 

Nas redes sociais, José Kaété fala sobre o cotidiano e pautas como a ecoansiedade
Nas redes sociais, José Kaété fala sobre o cotidiano e pautas como a ecoansiedade
Foto: Reprodução/Instagram

#Pertencimento: identidade compartilhada 

As hashtags desempenham um papel fundamental no TikTok, permitindo que os usuários identifiquem, classifiquem e descubram conteúdos relevantes em meio a um universo vasto de vídeos. Com o uso hashtags em suas legendas ou comentários, os criadores de conteúdo tornam suas postagens mais facilmente acessíveis a outros usuários interessados nos mesmos tópicos. 

Além de facilitar a busca por conteúdo, o uso das hashtags contribui para a formação de comunidades na plataforma. As hashtags são uma forma de categorização e conexão entre usuários com interesses em comum. Por meio delas, criadores e espectadores podem se unir em torno de temas específicos e participar de conversas e desafios temáticos. Isso ajuda a criar uma sensação de pertencimento e identidade compartilhada, fortalecendo a interação e a colaboração entre membros da comunidade. 

“Estamos sempre explorando novas maneiras de apoiar e agregar valor à nossa comunidade, incluindo não apenas marcas e criadores, mas também organizações sociais“, conta a  líder de Relacionamento com a Comunidade de Criadores do TikTok no Brasil, Mari Lima. Como consequência da grande audiência e engajamento das comunidades no ambiente virtual, a plataforma concretizou outras ações sobre o tema. 

“Apoiamos este ano o projeto Tradição e Futuro na Amazônia, patrocinado pelo programa Petrobras Socioambiental que apoia o povo Kayapó de cinco terras indígenas. Participamos, em abril de 2023, de um encontro em Brasília com diversas comunidades indígenas, incluindo a Juruna, Arara, Ribeirinhos, Xikrin, Parakanã, Kayapó, Ikpeng, Kisedje, Kawaiwete, Tapayuna, Panará, Yudjá, Yawalapiti, Kalapalo e Wauja. Foi uma parceria com o Instituto Socioambiental e Funbio para dialogarmos com comunicadores sociais sobre o TikTok”, relembra a líder.

“As pessoas acompanham, compartilham e por isso a gente tem hoje muitos seguidores: as pessoas realmente querem conhecer a nossa cultura”, argumenta We’e’ena. Para ela, a formação de comunidades através do conteúdo é só mais uma entre todas as possibilidades para o povo indígena. “Além de sermos criadores de conteúdos, somos acadêmicos, somos médicos, estamos na política, nutricionistas... São 523 anos de luta, então a gente mostra a força da nossa união.”

O diálogo sobre meio ambiente e preservação do espaço em que vivemos ganha espaço entre os conteúdos de estilo de vida, bem estar e cultura também. “ #ReflorestacomGil, #ReflorestaAmazonia e #UmaSóTerra são hashtags que somam quase 1,5 bilhões de visualizações e foram criadas para conscientizar sobre a crise ambiental e fomentar um movimento de preservação das florestas”, exemplifica Mari Lima.

No mesmo contexto, realizando outra função, We’e’ena, considera também que a preservação e a conversa sobre meio ambiente são parte natural das trocas e ensinamentos que ela propõe. “Mostrar que nós indígenas realmente somos os guardiões da floresta, nós cuidamos da nossa terra, dos nossos rios. Indígena já nasce ativista, porque a gente protege as florestas e os rios assim que a gente nasce. Da água vem o nosso alimento, da terra também vem nossa comunidade, então é isso que a gente mostra no dia a dia.”

“Nós não somos peças de museu, nossa cultura ainda existe” 

As possibilidades dadas pela internet são assunto presente entre todos os envolvidos na criação de conteúdo. Apesar dos números, é difícil dimensionar o que os números significam, mas os impactos disso também acontecem offline. We’e’ena conta que prefere apoiar e acompanhar outros criadores aldeados, como Cunhã-Poranga oficial (Maíra Gomez), a fim de conhecer mais sobre uma cultura próxima do que vive e reforça: “Temos que nos fortalecer enquanto indígena e mostrar que a nossa cultura está viva e resiste.” 

“As pessoas realmente querem conhecer a nossa cultura”, reconhece We’e’na
“As pessoas realmente querem conhecer a nossa cultura”, reconhece We’e’na
Foto: Acervo Pessoal

Quando perguntados sobre quem são os @s que acompanham nas redes sociais, as respostas seguem caminhos parecidos, mas contemplam diferentes regiões do país. “Eu basicamente sigo pessoas próximas e acompanho Lidia Guajajara, Cristian Wariu, Moniki Waiapi, Ryan Munduruku, Marika Sila, Weena Tikuna etc”, declara José. 

Para a plataforma,  é importante ter um espaço onde as pessoas se sintam à vontade para serem quem são e tenham o Tik Tok como um lugar que combina conhecimento e diversidade.  “É essencial para o país ter esse conhecimento do nosso povo, porque a internet é muito forte e chega em diferentes lugares. Isso é muito importante, porque hoje as pessoas conseguem, através da internet, respeitar a nossa cultura, nossa tradição, nossa espiritualidade, conhecer de forma mais profunda a comunidade indígena”, considera We’e’ena que vê no atual contexto, o protagonismo de sua história no lugar certo. 

“A nossa história sempre foi contada, mas por terceiros, outras pessoas e hoje chegou a nossa vez da gente falar por nós. Nós somos capazes de criar conteúdo, mostrar a nossa cultura através dos vídeos. Dessa forma, vai se criando grupos de pessoas que educam, abrindo a mente para que a nossa cultura seja mais ampla, para mostrar o tamanho do nosso povo, que nós não somos peças de museu, nossa cultura ainda existe”, conclui. 

O que querem os indígenas? "Reflorestar mentes", diz líder Guarani:
Fonte: Redação Nós
Compartilhar
TAGS
Publicidade
Seu Terra












Publicidade