Tokenismo: entenda o que significa termo ligado à luta antirracista
Termo surgiu na década de 1960, nos Estados Unidos, durante o movimento pelos direitos civis dos afro-americanos
A prática do tokenismo dá a aparência de inclusão, que é falsa na realidade, para evitar críticas sobre exclusão racial, perpetuando a desigualdade e usando pessoas negras para atender a cota de diversidade.
Tokenismo é a prática de incluir pessoas negras em posições de destaque ou em ambientes majoritariamente brancos como uma forma superficial de abordar a questão da diversidade, apenas para dar a aparência de inclusão e, assim, evitar críticas sobre exclusão racial.
Essa prática de falsa inclusão racial pode ocorrer na política, no mercado de trabalho, no campo acadêmico, na mídia e em outras áreas, criando uma sensação de progresso que não é real.
Origem
O termo surgiu na década de 1960, nos Estados Unidos, durante o movimento pelos direitos civis dos afro-americanos. O seu significado vem da palavra “token”, que significa “símbolo” em inglês. O ativista negro Martin Luther King foi um dos primeiros a utilizar o termo.
Em um artigo publicado em 1962, ele escreveu: "A noção de que a integração por meio de tokens vai satisfazer as pessoas é uma ilusão. O negro de hoje tem uma noção nova de quem é."
A palavra token, em inglês, "é usada para se referir a algo que é feito para prevenir outras pessoas de reclamarem, apesar de não ser uma atitude sincera e de não ter nenhum significado prático", diz o Dicionário Cambridge.
Discriminação
Na luta antirracista, o tokenismo é visto como uma prática que perpetua a desigualdade ao invés de combatê-la, e usa a pessoa negra para atender a cota de diversidade, sem considerar suas habilidades, méritos ou experiências.
No livro "Psicologia Social", os pesquisadores Michael Hogg e Graham Vaughan disseram que o tokenismo pode ser considerado uma forma de discriminação, pois consiste em ações superficiais de valorização de um grupo minoritário que são realizadas apenas para evitar acusações de discriminação, sem promover mudanças significativas ou efetivas na igualdade e inclusão desse grupo.
"A ação é, então, invocada em repúdio às acusações de preconceito e como uma justificativa para recusar-se a participar de atos positivos maiores e mais significativos", diz um trecho do livro. Segundo os autores, a prática pode ser definida como: "Não me incomode, eu já não fiz o suficiente?".