Travesti Anyky Lima vira nome de rua em BH: confira outras homenagens
Preservação de memória de pessoas trans é estratégia no combate à transfobia
A deputada federal Duda Salabert anunciou que uma rua em sua cidade natal, Belo Horizonte, vai ganhar, pela primeira vez, o nome de uma travesti: a ativista Anyky Lima.
Localizada no bairro Palmares, a rua que ainda não tinha nome e agora homenageará Anyky é parte de um projeto de memória idealizado e redigido pelo advogado e cientista político Thiago Coacci.
"Pela primeira vez na história terá rua com nome de travesti em BH! Nosso PL foi aprovado hoje na Câmara Municipal de BH, nele homenageamos a querida Anyky Lima, dando o seu nome a uma via que não tinha nome no bairro Palmares. Essa é uma maneira de manter viva a memória Trans", publicou Duda em seu perfil no Twitter.
Anyky foi uma ativista pioneira na luta pelos direitos da população LGBTQIA+, em especial na comunidade trans, e atravessou períodos difíceis para a comunidade como a ditadura militar nos anos 70 e a eclosão do HIV/Aids nos anos 90.
A ativista foi também presidenta do Cellos-MG (Centro de Luta pela Livre Orientação Sexual em Minas Gerais) e representante estadual por Minas na ANTRA (Associação Nacional de Travestis e Transexuais). Anyky faleceu no dia 14 de abril de 2021, aos 65 anos, vítma de um cancêr de intestino.
Pela primeira vez na história terá rua com nome de travesti em BH!
Nosso PL foi aprovado hoje na Câmara Municipal de BH, nele homenageamos a querida Anyky Lima, dando o seu nome a uma via que não tinha nome no bairro Palmares. Essa é uma maneira de manter viva a memória Trans🧶 pic.twitter.com/x5DUitv54r
— Duda Salabert (@DudaSalabert) February 28, 2023
Leis e homenagens
A escolha por Anyky é um marco importante para a cidade e todo o país, composto por um número significativo de logradouros com nomes de bandeirantes e escravocratas, ainda que a lei federal nº 6.454, de 24 de Outubro de 1977 proiba tais homenagens.
Segundo o texto da lei: "É proibido, em todo o território nacional, atribuir nome de pessoa viva ou que tenha se notabilizado pela defesa ou exploração de mão de obra escrava, em qualquer modalidade".
No Distrito Federal e em São Paulo leis estaduais e municipais proíbem ainda homenagem a militares integrantes da ditadura militar.
Travestis presentes
Assim como em Belo Horizonte, outras cidades estão buscando formas de preservar a memória de pessoas trans, também como uma estretégia de combate à LGBTfobia, em especial à transfobia.
A primeira travesti a dar nome a uma rua no país foi Dandara Maria dos Santos, em uma via no bairro Bom Jardim, em Fortaleza, Ceará. A homenagem foi estabelecida em 2020, e a escolha por dandara se deu também como uma forma de conscientizar a população.
Dandara foi assassinada z pauladas e pedradas em 2017 por um grupo de homens, que gravou o crime e divulgou nas redes sociais.
Já a cidade de São Paulo conta com cinco centros de referência de diversidade e cidadania LGBTQIA+, sendo três deles nomeados em homenagem a mulheres trans e travestis: Claudia Wonder, na zona Oeste da cidade, Laura Vermont, na zona Leste e Brunna Valin no centro da capital.