Um mês sem Priscila Diva, pioneira na luta de gênero em Perus (SP)
Jovem tinha 27 anos e o corpo dela foi encontrado em uma represa na cidade de Mairiporã; deputadas estaduais pedem mais rigor nas investigações
As circunstâncias da morte de Priscila Diva, 29 anos, mulher trans que morava em Perus, periferia da zona noroeste da capital paulista, ainda são um mistério para a família e amigo que fizeram na última sexta-feira (22) um ato em homenagem à ela nas redes sociais. A polícia diz que informações sobre as investigações serão mantidas, neste momento, em sigilo.
"Eu queria tanto que fosse feita justiça. Ela era feliz e extrovertida. Sempre linda e bem arrumada. Dizia que ia ser rica, que iria viajar para os Estados Unidos. Ela conversava com todo mundo e animava as pessoas", compartilha a irmã Suellen.
Priscila foi uma das primeiras mulheres trans de Perus e teve apoio da família, com quem mantinha uma relação muito próxima. Ela também foi pioneira na luta contra a LGBTQfobia na região e encorajou muitas pessoas na região do bairro do Recanto, onde morava.
O corpo de Priscila foi encontrado dia 22 de março, numa represa na cidade de Mairiporã, na região metropolitana, e o caso foi registrado na delegacia de Franco da Rocha. Priscila foi vista pela última vez, no dia 17 de março, por volta das 21h, quando saiu de casa. Ela estava sem celular porque o seu aparelho havia quebrado alguns dias antes.
Segundo levantamento anual feito pela ANTRA (Associação Nacional de Travestis e Transexuais), o estado de São Paulo foi o estado que mais matou a população trans no ano passado, foram 25 assassinatos, se mantendo no topo do ranking pelo terceiro ano consecutivo. Há treze anos seguidos, o Brasil é o país onde acontecem mais mortes de pessoas trans, a maioria delas é negra.
A deputada estadual Marcia Lia (PT) fez, no dia 18 de abril, uma solicitação de informações para o general João Camilo de Campos, secretário estadual de Segurança Pública, sobre o andamento do caso. A deputada petista destacou também que o Estado deve dar uma grande atenção para casos, como este, onde há suspeita de crime de ódio.
"Para que o Estado, através das autoridades policiais, possa responder às perguntas da família que está destroçada em razão da morte de seu ente querida. Merecendo, portanto, ter ciência do que realmente aconteceu e viver o seu luto de forma digna", diz um trecho da justificativa da solicitação de informações.
Priscila Diva era muito alegre e se dava bem com a família (Foto: arquivo familiar)
Na última semana, na quarta-feira (19), a deputada estadual Erica Malunguinho (PSOL) se reuniu com a cúpula da secretaria de Justiça e Cidadania do Estado de São Paulo e pediu providências para que sejam adotadas medidas emergenciais para a proteção da população trans e citou o caso da Priscila Diva.
A deputada quer que seja feita uma divulgação maior das delegacias da Diversidade, que são especializadas nas investigações de crimes de ódio. Erica fez questão de pontuar que agressões e assassinatos de pessoas trans não são casos isolados.