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Vereador do RS diz que 'negrada' gastou recursos emergenciais da pandemia de covid-19; veja vídeo

Câmara Municipal de Canguçu, no interior do Estado, vai analisar declaração do vereador Francisco Vilela; parlamentar nega ter sido racista e diz que sofre 'perseguição'

25 abr 2024 - 17h04
(atualizado às 17h14)
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Francisco Vilela negou ter dito uma frase racista e afirmou que possui imunidade parlamentar ao fazer discursos na Câmara
Francisco Vilela negou ter dito uma frase racista e afirmou que possui imunidade parlamentar ao fazer discursos na Câmara
Foto: Reprodução: YouTube/@tvcamaracangucu6591

O vereador Francisco Vilela (PL), do município de Canguçu, no interior do Rio Grande do Sul, afirmou que os recursos emergenciais da pandemia de covid-19 foram gastos por uma "negrada" dos Estados brasileiros. A declaração foi feita em sessão da Câmara Municipal realizada nesta segunda-feira, 22. Na reunião, o parlamentar também elogiou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelo enfrentamento da doença no País.

"Não veio o pagamento pinga-pinga. Aquele dinheiro da covid, essa 'negrada' dos Estados deitaram e rolaram. Palmas para o Bolsonaro, palmas para quem mandou o dinheiro e que, muitas vezes, nem era gastado devidamente. Mas valia tudo durante a pandemia. Podia fazer o que quisesse porque era uma situação extraordinária", afirmou o vereador.

Ao Estadão, Francisco Vilela negou ter dito uma frase racista e afirmou que possui imunidade parlamentar ao fazer discursos na Câmara. Segundo o vereador do PL, as acusações de racismo são frutos de uma "perseguição" que ele sofre no Legislativo local.

"Eu não fiz nada de errado, eu estava na Câmara e dei a minha opinião, apenas isso. Estão me tirando para bobo nessa história, eu estou tranquilo que não vai acontecer nada. Eu tenho 67 anos, nunca fiz discurso contra pessoa de cor nenhuma. Meus melhores amigos eram pessoas de cor negra, na escola, no futebol", afirmou o vereador.

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Francisco Vilela, conhecido como Xico Vilela, está no primeiro mandato como vereador na cidade. Nas eleições de 2020, ele concorreu ao cargo pelo PP e foi eleito com 512 votos (1,59% dos votos), sendo o segundo menos votado para uma cadeira na Casa.

Em nota publicada nas redes sociais nesta quarta-feira, 24, o Movimento Quilombola e Negro de Canguçu defendeu uma punição ao vereador. "É inadmissível que uma autoridade ocupante de uma cadeira no Poder Legislativo quebre o decoro parlamentar e ofenda a comunidade negra. O racismo opera de forma estrutural e institucional e temos o dever de combatê-lo", afirmou.

"As organizações quilombolas exigem que sejam tomadas as devidas providências e estarão atentas a qualquer conduta de racismo, preconceito e discriminação. O que nos deixou muito entristecidos e indignados, nós que tanto contribuímos para o desenvolvimento deste país, que a cada dia nos mata com tanto racismo e discriminação", afirmou.

Ao Estadão, a Câmara Municipal de Canguçu afirmou que não concorda com "declarações racistas ditas por qualquer um dos seus integrantes". A Comissão de Ética do Legislativo local deve começar a analisar uma possível punição a Francisco Vilela a partir de segunda-feira, 29. Entre as possíveis sanções estão advertência, suspensão ou cassação do mandato.

Vereador já chamou servidora da Casa de 'neguinha'

Essa não é a primeira vez que uma declaração de Vilela será analisada pela Comissão de Ética da Câmara Municipal de Canguçu. Em junho do ano passado, ele chamou uma servidora da Casa de "neguinha" e "puta" durante uma sessão.

Após a reunião, a servidora registrou um boletim de ocorrência na Polícia Civil, que investigou o caso e indiciou o vereador por injúria racial. O Ministério Público do Rio Grande do Sul apresentou denúncia em julho, mas o caso ainda não foi analisado pela Justiça gaúcha.

A Câmara de Canguçu julgou a cassação do vereador no dia 30 de agosto do ano passado. Para que ele perdesse o mandato, eram necessários dez votos favoráveis, do total de 15 vereadores. Nove votaram pela condenação do parlamentar, e ele permaneceu no cargo.

Estadão
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