Vini Jr. relembra caso com Roberto Carlos em 1997: 'Racismo na Espanha existia antes de eu nascer'
Atacante do Real Madrid compartilha vídeo do ex-lateral da seleção brasileira sofrendo ofensas racistas em jogo do time madrilenho contra o Barcelona
Alvo de novo ataque racista no último domingo e responsável por elevar a um novo nível o debate sobre racismo na Espanha, o atacante Vinícius Júnior, do Real Madrid, compartilhou um vídeo em seu Twitter, nesta terça-feira, para mostrar o quão pouco o cenário mudou nos estádios espanhóis. O conteúdo compartilhado pelo brasileiro é uma reportagem sobre a perseguição racista sofrida pelo pentacampeão e ex-jogador Roberto Carlos, em 1997, quando era lateral-esquerdo do time madrilenho, do qual hoje é embaixador.
"1997. O racismo nos estádios espanhóis existia antes mesmo de eu ter nascido. O que mudou até hoje?", escreveu Vini. O vídeo mostra o carro do jogador vandalizado, riscado com a palavra "macaco", e torcedores do Barcelona entoando um canto no qual o chamam de "chimpanzé". A reportagem termina com Roberto dizendo à imprensa que considerava deixar o Real Madrid por causa dos ataques.
Na época, assim como Vinícius, o lateral-esquerdo se manifestou publicamente. Chegou a dizer que Barcelona era a cidade mais racista da Espanha, mas depois se desculpou, afirmando que os racistas eram minoria tanto entre os cidadãos barceloneses quanto entre os torcedores culés. As declarações sobre o Barça foram respondidas por Pep Guardiola, então volante do time catalão. "Ele fala muito. Mora aqui há poucos meses para falar essas coisas".
1997
El racismo en los estadios españoles existía antes mismo de que yo hubiera nacido.
Qué ha cambiado hasta hoy? https://t.co/iaz5U1HAVh
— Vini Jr. (@vinijr) May 23, 2023
Ao se pronunciar sobre o ataque sofrido no Estádio Mestalla, no último domingo, durante derrota por 1 a 0 para o Valencia, Vini Jr. teve uma fala com teor parecido ao da frase dita pelo pentacampeão há 26 anos. "O racismo é o normal na La Liga. A competição acha normal, a Federação também e os adversários incentivam. Lamento muito. O campeonato que já foi de Ronaldinho, Ronaldo, Cristiano e Messi hoje é dos racistas", disse em trecho do texto. O atacante também afirmou que "no Brasil, a Espanha é conhecida como um país de racistas".
Nesta terça-feira, Roberto Carlos compartilhou, em seu Instagram, o mesmo vídeo divulgado por Vini. Um dia antes, o ex-jogador usou a mesma rede social para manifestar seu apoio ao compatriota. Além do caso na Espanha, ele conviveu com racismo em sua passagem pela Rússia, onde defendeu o Anzhi e foi provocado com bananas atiradas em campo;
"Eu, Roberto Carlos, embaixador do Real Madrid e principalmente como ser humano, me posiciono veementemente contra os horríveis atos racistas que presenciei ontem em Mestalla contra o nosso atleta Vini Jr. É inadmissível que continuem acontecendo. Espero que sejam tomadas providências para que esses insultos acabem de uma vez. NÃO AO RACISMO".
O posicionamento firme de Vinicius Junior, que cobra medidas mais eficazes para evitar racismo nos estádio, fez a LaLiga, associações responsável pela organização do Campeonato Espanhol, buscar novas soluções para o problema. Depois de Javier Tebas, presidente da entidade, não aceitar as críticas e confrontar o brasileiro, o tom mudou: um comunicado foi divulgado nesta terça para anunciar que a LaLiga irá pedir alterações na lei espanhola para obter mais autonomia em punições contra o racismo em estádios.