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Violência na Amazônia: 84% das vítimas de homicídio são negras

Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) mostram que as regiões onde a floresta está preservada há menores índices de violência

18 nov 2022 - 20h10
(atualizado em 19/11/2022 às 10h11)
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Imagem mostra agente do Exército Brasileiro em operação em área desmatada da Amazônia, onde os índices de violência são maiores em relação às áreas mais preservadas.
Imagem mostra agente do Exército Brasileiro em operação em área desmatada da Amazônia, onde os índices de violência são maiores em relação às áreas mais preservadas.
Foto: Imagem: Reprodução/Exército Brasileiro / Alma Preta

O perfil das vítimas de violência na região da Amazônia Legal é o mesmo do restante do Brasil, jovens homens negros. De acordo com dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), 84% das vítimas de homicídio na região eram negras, 91%, homens e 50% tinham entre 15 e 29 anos. Ao todo, no ano de 2020, foram registrados 8.729 casos nos estados amazônicos.

O estudo, que contou com apoio do Instituto Clima e Sociedade (ICS) e do Grupo de Pesquisa Territórios Emergentes e Redes de Resistências na Amazônia (TERRA), da Universidade do Estado do Pará - UEPA, apontou três possíveis motivações para o acréscimo da mortalidade. Um é a dinâmica da interiorização da violência no país, outro é a pressão para o desmatamento na Amazônia, e a terceira, a presença de facções criminosas na região e o déficit de aparato policial.

Os estados do Norte e Nordeste convivem com a disputa entre o Comando Vermelho (CV) e o Primeiro Comando da Capital (PCC). Mas não só, em alguns estados existem outras organizações, como no Amazonas, onde há as duas principais do país, a Família do Norte (FDN) e a Família Coari, grupos de piratas que interceptam a passagem da droga nos rios da região. Os nove estados amazônicos são Amazonas, Acre, Rondônia, Roraima, Pará, Maranhão, Amapá, Tocantins e Mato Grosso.

O levantamento também indica que houve maior índice de violência, para cada grupo de 100 mil habitantes, nas áreas desmatadas (34,6) e sob pressão do desmatamento (37,1). As áreas "não florestais", espaços cobertos por cerrados e campos, tiveram números de 29,7 homicídios para cada grupo de 100 mil habitantes, e as regiões florestais, onde há no máximo 5% da mata derrubada, têm o menor número, de 24,9 casos. A definição das áreas foi feita pelo Imazon, Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia.

Os números de aumento da mortalidade são acompanhados pelos dados de crescimento no desmatamento. Relatório do MapBiomas apontou para o crescimento do desmatamento nos seis biomas do país e na Amazônia com índices de 9%. A organização ainda calcula que 99,4% das áreas desmatadas na floresta apresentam sinais de irregularidade.

O resultado, de acordo com as estatísticas, é o aumento dos indicadores de violência, quando comparados com o restante do Brasil. Enquanto no país os números são de 23,9 mortes violentas intencionais para cada 100 mil habitantes, na região amazônica o dado sobe para 29,6, e em alguns estados como o Amapá chega a 41,7.

"O avanço do desmatamento e a intensificação de conflitos fundiários resulta também no crescimento da violência letal. Considerando os dados recentes divulgados por organizações que atuam na agenda ambiental, o crescimento da violência no campo na região da Amazônia Legal se mostra coerente", afirmam os especialistas na pesquisa. Na Bahia, a cada 24h uma pessoa negra é morta pela polícia

Alma Preta
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