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“Vovô Letícia": a psicanalista que transicionou aos 50 anos

Letícia Lanz iniciou o processo de transição após sofrer um infarto e continua casada com a mesma mulher há 45 anos

19 set 2022 - 05h00
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"Fui identificada como uma aberração da natureza em todos os sentidos", diz Letícia, sobre a decisão de transicionar
"Fui identificada como uma aberração da natureza em todos os sentidos", diz Letícia, sobre a decisão de transicionar
Foto: Reprodução: Redes Sociais

Foi em uma sala de hospital, após sofrer um infarto, que Letícia Lanz escolheu viver verdadeiramente quem era de fato.  A economista, psicanalista, mestre em Sociologia com especialização em Gênero e Sexualidade viu a morte de perto e, naquele momento, decidiu colocar um ponto final na vida dupla que levava até então.

Em entrevista ao Terra NÓS, a psicanalista contou que transicionou apenas aos 50 anos de idade, apesar das dificuldades e dos olhares tortos que teve de lidar na época. Hoje, aos 70, segue feliz, casada com a mesma mulher há 45 anos e em um lar cheio de amor e respeito.

“Ninguém entendia porque eu queria transacionar e continuar me relacionando com mulher. Mas as pessoas mais próximas tinham curiosidades específicas. Queriam saber se contiuávamos dormindo juntas e como era o sexo”, explica. 

Segundo Letícia, ela e a companheira, a psicóloga Angela Autran, levaram na brincadeira os comentários preconceituosos. "Senão não iríamos aguentar as pressões, que eram muitas e idiotas”, destaca.

Letícia contou que ela e sua campanheira levaram os comentários na brincadeira
Letícia contou que ela e sua campanheira levaram os comentários na brincadeira
Foto: Reprodução: Redes Sociais

Juntas, a psicanalista e a psicóloga têm três filhos e cinco netos e seguem se conhecendo e se escolhendo. "É possível ser uma mulher trans, casada e com filhos e eu nunca abri mão dos meus papéis dentro da família", pontua.

“Para meus filhos pouco importa como eu estou vestida, desde que eu seja a pessoa que vá cumprir o papel na família. Sempre fiz questão de continuar sendo chamada de pai e de avô. Meus netos nunca me conheceram de outra forma, para eles eu sou a vovô Letícia”, conta.

A escritora, que possui na sua bagagem diversos livros publicados como "A construção de mim mesma: Uma história de transição de gênero", fez questão de deixar uma mensagem positiva para os leitores do Terra NÓS: “Deixem as pessoas serem como elas são que elas serão o melhor o que elas puderem ser”.

Fonte: Redação Nós
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