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Yanomami: Governo espera que 80% dos garimpeiros saiam de área indígena nesta semana

Estimativas apontam pelo menos 15 mil mineradores ilegais na reserva, onde foi declarada emergência em saúde

6 fev 2023 - 13h49
(atualizado às 13h51)
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A estimativa do governo é de que haja 15 mil mineradores ilegais na reserva, onde foi declarada emergência em saúde no último dia 20
A estimativa do governo é de que haja 15 mil mineradores ilegais na reserva, onde foi declarada emergência em saúde no último dia 20
Foto: Reuters

BRASÍLIA - O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, disse na manhã desta segunda-feira, 6, que o governo espera que 80% dos garimpeiros na Terra Indígena Yanomami, em Roraima, saiam do território ao longo desta semana. A estimativa do governo é de que haja 15 mil mineradores ilegais na reserva, onde foi declarada emergência em saúde no último dia 20. Segundo o ministro, já há um fluxo de saída "na casa dos milhares".

A expectativa é que a saída da maioria dos garimpeiros ocorra antes do início da operação policial coercitiva -que será feita com apreensão e destruição de equipamentos, destruição de pistas clandestinas e eventuais prisões em flagrante.

Dino disse que o governo não prestará apoio aéreo para a saída dos garimpeiros do território. A solicitação foi feita pelo governador de Roraima, Antônio Denarium (PP). "Não temos como empregar aeronaves públicas para apoiar pessoas que estavam praticando um crime. Claro que estamos nesse momento permitindo que essas pessoas saiam pelos seus próprios meios", afirmou.

Não há estrada que ligue o território ao resto do Estado e há relatos de pessoas ilhadas, com dificuldades para conseguir transporte aéreo. Ele destacou, contudo, que a "situação social" relacionada às pessoas que serão retiradas do território é tópico de preocupação do governo. De acordo com Dino, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, tem se reunido com Denarium para tratar do assunto.

Ainda nesta segunda-feira, Dino atendeu a pedido da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e do Ministério dos Povos Indígenas para ampliar a segurança nas bases do órgão indigenista e dos postos de saúde. O motivo é o fluxo intenso de saída de pessoas. "Mais de 100 integrantes da Força Nacional estarão chegando entre hoje e amanhã", afirmou o ministro.

Vídeos mostram fuga de garimpeiros

No domingo, 5, grupos de inteligência do Governo Federal e lideranças do movimento indígena nas regiões Yanomami de Roraima registraram vídeos de grupos de garimpeiros deixando a região. A debandada acontece depois das ordens do presidente Lula para bloquear acesso à área pelas Forças Armadas e Ministério da Defesa para estrangular ações de grupos que sustentam garimpo ilegal na terra indígena.

A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, desembarcou em Roraima no sábado, 4, para acompanhar as ações que tentam conter a crise humanitária envolvendo os Yanomami no estado. Em coletiva de imprensa, a ministra afirmou que esse movimento de saída espontânea desses grupos é um elemento necessário para que as ações de atendimento aos grupos indígenas afetados pela mineração ilegal seja efetiva e duradoura.

"Para que a gente consiga sair dessa situação de emergência em saúde, é preciso combater a raiz, que é o garimpo ilegal. Não é possível que 30 mil Yanomami sigam convivendo com 20 mil garimpeiros dentro do seu território".

O governo de Roraima declarou que está acompanhando e mantendo o governo federal informado sobre essa saída voluntária das terras indígenas. A preocupação é que essa saída gere a ocupação de outras áreas de garimpo ilegal conhecias no estado como a Terra Indígena Raposa Serra do Sol.

"Temos que ter estratégias, que não podemos compartilhar com todos vocês, para que isso não ocorra. Temos que ter vigilância maior em todas as terras indígenas", disse Lucia Alberta Andrade, diretora de Promoção ao Desenvolvimento Sustentável da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).

 

Estadão
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