Yanomamis: Marina Silva diz que povo indígena foi vítima de ‘uma atrocidade inominável’
Ministra afirma que governo busca recuperação do modo tradicional de vida da cultura Yanomami, mas que ‘a destruição é muito grande’
RIO - O crime praticado contra a população Yanomami é irreparável, mas o governo está atuando em várias frentes, disse a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, nesta segunda-feira, 6. Ela participou da cerimônia de posse de Aloizio Mercadante na presidência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no Rio de Janeiro.
Marina classificou a situação do povo indígena como “uma atrocidade inominável” e disse que o governo está atuando com medidas emergenciais, estruturais e da recuperação cultural dos Yanomamis. “Todos os esforços estão sendo feitos na área de saúde, de combate à desnutrição, combate à violência seguindo as recomendações do presidente Lula. Para todas as denúncias estão sendo tomadas providências dentro dos órgãos de competência do governo”, disse.
Segundo a ministra, o objetivo é que os Yanomamis retornem para as suas terras após serem recuperadas. Ela, porém, não quis precisar uma data para que isso aconteça. “Existem tecnologias de descontaminação das áreas e de recuperação. É um processo complexo e os esforços serão levados a cabo no tempo adequado para atingir os resultados. O projeto que está em curso é a recuperação do modo tradicional de vida da cultura Yanomami. A destruição é muito grande”, afirmou.
Fundo Amazônia
Também presente ao evento no BNDES, a ex-ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira, que foi nomeada como membro do Conselho de Administração da instituição de fomento, defendeu o uso dos recursos do Fundo Amazônia para reforçar o financiamento da política ambiental. Formado com recursos de doações da Noruega e da Alemanha, o fundo, gerido pelo BNDES, tem cerca de R$ 3,8 bilhões disponíveis – recursos que ficaram suspensos durante o governo Bolsonaro.
“Vamos ter que ter uma discussão estratégica de como o governo vai usar o potencial do Fundo Amazônia, inclusive de induzir outros fundos. De trabalhar isso de forma descentralizada. Não tínhamos, antes, o Consórcio Amazônia (que reúne Estados da região); agora tem. Os governos subnacionais querem buscar uma maneira articulada de trabalhar. A relação federativa está implodida. Então, tem uma série de fatos que não existiam no passado”, afirmou a ex-ministra.
Izabella lembrou que, em 2015, quando ela estava no ministério, foi aprovada uma exceção nas regras do Fundo Amazônia para permitir o financiamento à modernização de equipamentos e infraestrutura usados na fiscalização de crimes ambientais, para órgãos como o próprio Ibama. Algo poderia ser feito novamente agora.
“É um tremendo instrumento, mas o Brasil tem que ter visão estratégica e contemporânea de como vai usar o Fundo Amazônia, para resolver as tensões de curto prazo, no caso da fiscalização, sem sombra de duvida, e, também, ter visão estratégica de induzir o desenvolvimento sustentável da Amazônia”, completou Izabella.