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Zé Celso: dramaturgo teve vida marcada por outro incêndio em 96

Incêndio aconteceu no Teatro Oficina, em São Paulo; prédio foi destruído pelas chamas

6 jul 2023 - 12h52
(atualizado às 13h03)
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Zé Celso em foto de 2011
Zé Celso em foto de 2011
Foto: Juan Guerra / Estadão / Estadão

O dramaturgo José Celso Martinez Corrêa, de 86 anos, mais conhecido como Zé Celso, morreu nesta quinta-feira, 6, após ter 60% do corpo queimado em um incêndio em seu apartamento. Esse foi o segundo incêndio enfrentado pelo icônico diretor. O primeiro aconteceu em 1996, quando houve um curto-circuito no Teatro Oficina, em São Paulo. 

De acordo com o jornal O Globo, o caso ocorreu na manhã do dia 31 de maio daquele ano. A peça que estava em cartaz era "A criação do mundo segundo Ary Toledo", de Augusto Boal. 

As investigações apontaram que o fogo se espalhou pelo forro de lâminas de fibra, e fagulhas caíram sobre as poltronas. Em seguida, as chamas se espalharam por tudo. Por sorte, não havia muitas pessoas no local. 

Os bombeiros foram acionados pelo zelador do imóvel, que percebeu rapidamente o fogo, e chegou a se ferir tentando salvar um refletor do espaço. O incêndio foi tamanho que nada sobrou do prédio. 

Na época, houve comoção de mais 80 artistas, que se reuniram na frente do teatro na manhã do dia seguinte e decidiram que seriam realizados dois espetáculos para reunir fundos para a reconstrução do prédio. Um deles foi um musical, sob orientação de Ary Toledo, além de uma obra humorística dirigida por Jô Soares. Os artistas chegaram a pedir que o então prefeito, José Faria Lima, outro endereço para o Teatro Oficina.

Após reforma, o prédio foi reinaugurado em setembro de 1967, com a estreia da peça "O rei da vela", baseada no clássico de Oswald de Andrade e direção de Zé Celso. Ainda segundo O Globo, a obra se tornou o marco do modernismo e do tropicalismo, em virtude da crítica política e da quebra de padrões estéticos. 

O incêndio no apartamento

Na terça-feira, 4, Zé Celso teve 53% do corpo queimado em um incêndio em seu apartamento. Após ser encaminhado para a UTI do Hospital das Clínicas de São Paulo, ele foi sedado, entubado e posteriormente submetido a hemodiálise. 

A suspeita inicial é de que o incêndio tenha sido causado por um aquecedor elétrico. As chamas do fogo teriam se alastrado através de peças de roupas, livros e outros objetos da casa do dramaturgo, que fica localizada no bairro Paraíso, na zona Sul da cidade.

Na quarta, 5, o deputado estadual Eduardo Suplicy (PT) visitou o diretor de teatro no hospital. Ele foi um dos primeiros a falar sobre o real estado de saúde de Zé Celso. "Não é assegurado que ele vai conseguir ultrapassar a enorme dificuldade dessas queimaduras de terceiro grau. Elas aconteceram nas costas, nas nádegas, nos ombros e acho que um pouco no rosto também", declarou.

Nesta quinta, 6, Zé Celso não resistiu às queimaduras e veio a óbito.

Legado de Zé Celso

Fundador do Teatro Oficina, seus textos foram levados ao palco desde o início. Entre seu leque de sucessos estão peças como 'Vento Forte para Papagaio Suvir', de 1958, e 'A Incubadeira', de 1959. Outros roteiros ganharam apelo popular como, 'Pequenos Burgueses', de 1963, e 'O Rei da Vela', de 1967.

Um dos principais trabalhos de Zé Celso, que coroou sua proximidade com o movimento tropicalista e anti-ditadura, foi a peça 'Roda Viva', de Chico Buarque, em 1968.

Fonte: Redação Terra
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