13 agentes são afastados após vídeo mostrar PM jogando homem de uma ponte
Um vídeo exibido pelo Jornal da Globo e pela GloboNews na noite desta segunda-feira (2) mostra um policial militar de São Paulo conduzindo um homem para a beira de uma ponte no bairro Cidade Ademar, na zonal sul. O homem foi jogado da ponte pelo PM.
As imagens seriam da madrugada de segunda. A ordem dos fatos é a seguinte: um policial levanta uma moto do chão. Enquanto ele encosta o veículo perto da ponte, outros dois agentes se aproximam. Em seguida, um quarto PM chega, segurando um homem de camisa azul. O PM o arremessa da ponte.
A Polícia Militar afirmou que o homem está vivo e ainda não foi identificado.
Como as autoridades estão respondendo ao caso da PM?
Na manhã desta terça-feira (3), a Secretaria da Segurança Pública confirmou o afastamento imediato de 13 policiais militares envolvidos na ocorrência. Os agentes eram do 24° Batalhão da PM, na cidade de Diadema.
O ouvidor das polícias, Cláudio Aparecido da Silva, havia dado entrevista ao Jornal da Globo e garantido que pediria o afastamento dos policiais. Ainda assim, não sabe se seria suficiente. "Sabemos, entretanto, que essas medidas não estão sendo eficazes para o estancamento desse derramamento de sangue em nosso estado, fruto de uma política de morte e vingança, constantemente legitimada pela maior autoridade de Segurança Pública do Estado, que é a SSP", escreveu, em nota.
A Secretaria de Segurança Pública do Estado também se manifestou contra a conduta demonstrada e anunciou a abertura de inquéritos para apurar o ocorrido. "A instituição repudia veementemente a conduta ilegal e instaurou um inquérito para apurar os fatos e responsabilizar todos os agentes. A Polícia Militar reitera seu compromisso com a legalidade e não tolera desvios de conduta".
O secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, também se manifestou nas redes sociais. "Anos de legado da PM não podem ser manchados por condutas antiprofissionais. Policial não atira pelas costas em um furto sem ameaça à vida e não arremessa ninguém pelo muro. Pelos bons policiais que não devem carregar fardo de irresponsabilidade de alguns, haverá severa punição."
Similarmente, o governador Tarcísio de Freitas repudiou o ocorrido e o caso do policial que atirou nas costas de um jovem negro. "A Polícia Militar de São Paulo é uma instituição que preza, acima de tudo, pelo seu profissionalismo na hora de proteger as pessoas. Policial está na rua pra enfrentar o crime e pra fazer com que as pessoas se sintam seguras. Aquele que atira pelas costas, aquele que chega ao absurdo de jogar uma pessoa da ponte, evidentemente não está à altura de usar essa farda. Esses casos serão investigados e rigorosamente punidos. Além disso, outras providências serão tomadas em breve", escreveu no X.
O que aconteceu?
O homem teria sido arremessado depois de uma perseguição policial. Ele teria fugido dos PMs enquanto conduzia uma moto sem placa, por volta das 23h de domingo, em Diadema.
Após uma perseguição durante 2km, o jovem foi interceptado pela PM. Os agentes não encontraram nada ilícito na abordagem. Os policiais relataram que o rapaz arremessou garrafas, pedras e pedaços de madeira em sua direção, mas ninguém se feriu.
Ninguém aguenta mais. São assassinatos atrás de assassinatos. Abusos atrás de abusos. O PM jogou o rapaz do alto da ponte: em troca de quê? Quem ensinou isso a ele? O Secretário de Segurança Pública de SP quer acabar com a independência da Ouvidoria das Polícias e está gastando… pic.twitter.com/Ek3YxLPIpk
— Welington Arruda (@welmelo) December 3, 2024