O italiano, que foi campeão mundial de esqui, havia se refugiado em 1947 na província argentina de Mendoza, fronteiriça com o Chile, quando o país era governado pelo general Juan Domingo Perón, um admirador da disciplina militar prussiana. O jornal Clarín informa que Caneva foi instrutor de esqui de Perón, que foi eleito presidente da Argentina em três ocasiões, quando este era adido militar da embaixada argentina na itália.

Há duas semanas, o diretor de Relações Internacionais do Centro Simon Wiesenthal, Shimon Samuels, esteve em Buenos Aires para exigir, entre outras questões, que a Argentina aceitasse extraditar criminosos de guerra acusados de graves crimes em outros países. Em uma audiência com o presidente argentino, Néstor Kirchner, o dirigente do organismo judaico internacional de defesa dos direitos humanos mencionou concretamente os casos de Caneva e do croata Ivo Rojnica.

Caneva era acusado pelo Centro Wiesenthal como partícipe do massacre de 82 guerrilheiros, entre eles mulheres e crianças, cometido em Pedescale, uma cidade do norte italiano, entre 30 de abril e 2 de maio de 1945. "Não vou negar que era fascista, ainda que tenha estado em todas as ações de guerrilheiros, quando aconteceu o (massacre) de Pedescala eu estava internado no hospital de Caldonia, dirigido pelos alemães", disse o acusado numa entrevista ao Clarín em 1999. Uma investigação oficial realizada na Argentina durante a década passada permitiu identificar 180 criminosos de guerra ligados ao nazismo e ao fascismo que chegaram ao país na década de 40.