Os moradores do Bairro Jardim dos Comerciários, na Região de Venda Nova, em Belo Horizonte, assistiram ontem, ao vivo, a uma cena que só é comum quando se liga a TV. A paixão por uma mulher que mora numa região dominada pelo tráfico de drogas quase custou a vida de Sidney Veríssimo Santana, de 26 anos, transformado em "homem-bomba" em uma vingança dos criminosos. Sidney Santana ficou, por mais três horas, com explosivos amarrados ao corpo, até que militares do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate), força de elite da Polícia Militar, desativassem o artefato. Segundo o pai da vítima, o militar reformado Silveira Santana, desde que começou a namorar uma menina do Bairro Lagoa, conhecida apenas pelo prenome Patrícia, há três anos, seu filho nunca mais teve paz. "Já foi seqüestrado e espancado quatro vezes pela gangue do Bairro Lagoa e, por duas vezes, tivemos bombas aqui na porta de casa. Agora, os bandidos foram mais adiante e quase mataram meu filho", desabafou. Ainda de acordo com o pai do rapaz, seu filho saiu na terça-feira, por volta das 17h, para ir à missa. Às 19h, o rapaz teria sido raptado quando voltava para casa. Sidney Santana contou ao pai que os bandidos o levaram para a Favela Braúnas, em Justinópolis, Ribeirão das Neves. Lá, eles o despiram e o espancaram durante toda a madrugada, atando explosivos a sua barriga. Por volta das 6h, teria sido deixado em sua rua, caminhando devagar até sua casa. O Gate foi acionado e isolou parte da Rua 68. De acordo com o tenente Euler Roberto de Souza, os explosivos foram montados de forma errada, o que impediu a explosão. "Tinha tudo para explodir e ferir a vítima, mas o explosivo foi montado de forma incorreta. Pode ter sido proposital, com o intuito de inibir o garoto, ou foi realmente um erro", considerou. Muito abalado, Sidney Santana não quis dar entrevistas, sendo levado por uma unidade de resgate para o Hospital Odilon Behrens. Segundo o pai da rapaz, os bandidos ainda ligaram para sua residência exigindo R$ 20 mil até a tarde de ontem. "Eles estão perseguindo meu filho. Uma vez vieram aqui em casa com um mandado falso de prisão. Meu filho desconfiou e entrou para dentro de casa. Os bandidos, com receio, fugiram", disse. O pai acredita que Patrícia não tem ligação com o tráfico de drogas, mas conhece todos os envolvidos. "Por isso eles não querem deixar gente de outro bairro ter ligação com a garota", completou. O militar reformado reclamou, ainda, que, todas às vezes que o filho recebeu ameaças, foram registradas queixas na 7ª Delegacia Seccional de Venda Nova, mas nada foi feito. De acordo com o inspetor Flávio Rodrigues, da 7ª Seccional, as denúncias de ameaça são registradas e encaminhadas para o Juizado de Pequenas Causas. "Temos o registro de uma denúncia de perseguição feita por ele, mas há dois anos. Mas não tinha endereço, nem o nome dos suspeitos", justificou. |