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75 anos da Otan: A história da aliança militar

9 jul 2024 - 09h47
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Criada para frear o expansionismo da URSS e manter os americanos na Europa, Organização do Tratado do Atlântico Norte cresceu de 12 para 32 membros em mais de sete décadas de história. Uma retrospectiva.O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, recebe nesta terça-feira (09/07) em Washington os chefes de Estado e governo dos países que compõem a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

Os membros da aliança Otan vão celebrar os 75 anos da aliança militar ocidental e debater seus atuais desafios.

Criada em 1949, com originalmente 12 membros, a aliança militar conta atualmente com 32 integrantes, com a Finlândia aderindo no ano passado e a Suécia este ano.

Fundaçao após a Segunda Guerra Mundial

Em 4 de abril de 1949, dez países europeus, os Estados Unidos e o Canadá assinam o Tratado do Atlântico Norte em Washington. Esse é considerado o nascimento da Otan.

A aliança militar começou com o objetivo de enfrentar as ambições expansionistas da União Soviética comunista e impedir o militarismo nacionalista na Europa Ocidental. Ao mesmo tempo, ela procurava garantir que os EUA estivessem empenhados na Europa permanentemente quatro anos após o fim da Segunda Guerra Mundial.

Em 1945, os EUA usaram bombas atômicas no Japão pela primeira vez. Em 1949, a União Soviética (URSS) detonou sua primeira bomba atômica.

Em 9 de maio de 1955, após um debate controverso, a República Federal da Alemanha, ou seja, a parte ocidental dos dois estados alemães, juntou-se à Otan. Apenas cinco dias depois, o Pacto de Varsóvia, a aliança militar do Leste Europeu liderada pela União Soviética, foi assinado.

O estado da Alemanha Oriental, a RDA, integrava o Pacto de Varsóvia. Os alemães ocidentais e os alemães orientais passaram a ser divididos pela Cortina de Ferro - as nações do Leste Europeu que formavam o bloco socialista - e se viram em diferentes alianças.

Do confronto à distensão

A Crise dos Mísseis de Cuba de 1961 levou os EUA e a União Soviética à beira de uma guerra nuclear. Após uma escalada sem precedentes, a liderança em Moscou cedeu e interrompeu a instalação de armas nucleares em Cuba após uma série de acordos de bastidores com os americanos, incluindo a retirada de mísseis dos EUA da Turquia. Abalada com essa quase-guerra, a Otan decidiu adotar uma política mais cuidadosa.

A Guerra Fria não se tornaria uma guerra quente. A Otan mudou seu conceito. A partir de agora, haveria uma "resposta flexível" a um ataque soviético, ou seja, uma ação militar gradual. Um ataque nuclear continuava sendo o último recurso de dissuasão.

Em 1966, a França quase rompeu com a aliança militar. O presidente Charles de Gaulle insistiu em sua independência nas decisões militares, e a França acabou deixando as estruturas de comando da Otan, mas não a aliança política. A sede da organização foi transferida de Paris para Bruxelas. Só em 2009, a França retornou ao grupo.

Nova Guerra Fria, fim do Pacto de Varsóvia

Em 1979, a União Soviética invadiu o Afeganistão e posicionou mais mísseis na Europa. A Otan respondeu com um controverso rearmamento de mísseis. Em 1985, o líder soviético Mikhail Gorbachev foi nomeado para o cargo mais alto da União Soviética . Com ele, a política soviética mudou radicalmente.

O conflito entre o Leste e o Oeste diminuiu, e tratados de desarmamento foram assinados. O então presidente dos EUA, Ronald Reagan (1981 a 1989), pediu a ele que derrubasse o Muro de Berlim.

Primeiro, a Polônia saiu da união dos estados comunistas. A RDA implodiu em 1989. A União Soviética não interveio.

A Otan se perguntou se a Alemanha reunificada deveria fazer parte da aliança militar ocidental. A União Soviética, os EUA, a França e a Grã-Bretanha - as potências vitoriosas da Segunda Guerra Mundial - eram a favor. Em 1991, o Pacto de Varsóvia foi dissolvido porque os antigos estados comunistas se livraram da dominância da União Soviética.

"Ato fundador" entre a Otan e a Rússia

Mas em vez de se dissolver, a Otan organização, sob a liderança dos EUA, decidiu que ainda era necessário impedir o nacionalismo militarista na Europa e garantir a democracia e os direitos humanos. O inimigo, a União Soviética, se desintegrou.

A Otan procurou estabelecer uma parceria estratégica com a Rússia. Em 1997, os dois lados assinaram o "Ato fundador Otan-Rússia" em Paris. Neste ato, a Rússia não vetou a ampliação para o leste e a aliança garantiu que não colocaria tropas permanentemente nos novos países membros.

Já em 1991, quando a União Soviética foi dissolvida, o presidente russo Boris Yeltsin contemplou a entrada de seu país na Otan. Essa ideia foi retomada em 2000 pelo novo presidente russo, Vladimir Putin.

Na Iugoslávia desintegrada, a Otan agiu na década de 1990 para pacificar guerras civis e proteger a Europa de uma escalada. Em 1995, 60 mil pessoas da Força de Implementação (IFOR), uma força pacificadora da Otan, foram estacionadas na Bósnia-Herzegovina com um mandato das Nações Unidas.

Em 1999, a Otan bombardeou cidades sérvias para forçar a retirada das unidades sérvias do Kosovo. De acordo com as Nações Unidas, uma catástrofe humanitária estava iminente por causa da perseguição e expulsão sistemática dos albaneses de Kosovo.

Mesmo assim, as Nações Unidas não emitiram um mandato para uma missão. A Otan se autodeterminou, o que é considerado controverso de acordo com o direito internacional.

A aliança enviou uma força ao Kosovo (KFOR), que continua ativa até hoje. O conflito entre a Sérvia e Kosovo continua sem solução 25 anos após o bombardeio.

A cláusula de defesa mútua

Após os ataques terrorista contra os EUA em 11 de setembro de 2001, a aliança militar declarou pela primeira - e até agora única vez - a cláusula de defesa mútua. De acordo com o Artigo 5, todos os membros da Otan apoiam o país atacado com os meios que consideram apropriados.

A luta contra o terrorismo manteria a Otan ocupada por 20 anos. Após a queda do regime talibã, uma força internacional sob a liderança da organização entrou no Afeganistão para pacificar o país e estabelecer a democracia.

Mas no verão de 2021, o plano falhou. De forma caótica, as últimas tropas internacionais deixaram a capital afegã, Cabul, e os talibãs voltaram ao poder.

No mesmo período, a organização entrou em uma grave crise. O presidente americano, Donald Trump, chegou a considerar a Otan obsoleta. Pressionando os aliados, ele procurou aumentar os investimentos de defesa.

O presidente francês Emmanuel Macron, por sua vez, disse que considerava a Otan em estado de "morte cerebral" devido à falta de lealdade dos EUA à aliança.

De volta ao início: a Rússia como inimigo

Desde a invasão da Ucrânia pela Rússia, em 24 de fevereiro de 2022, ficou amplamente claro para a aliança que a Rússia é o inimigo, e a defesa nacional é a principal tarefa do grupo- justamente como quando foi fundado.

Putin tem se oposto à expansão da Otan para o leste desde 2008. No entanto, em abril de 2008, a aliança prometeu essa etapa à Ucrânia e à Geórgia, embora sem informar datas concretas, algo encarado por esses países como uma rejeição na prática, com a Alemanha e a França liderando a decisão de não oferecer um plano de adesão à aliança.

Em 1999, a organização admitiu a Polônia, a República Tcheca e a Hungria, na época ainda com a aprovação da Rússia. Em 2004, os três países bálticos, que já foram repúblicas soviéticas, e a Eslováquia, a Eslovênia, a Romênia e a Bulgária, foram admitidos.

.Em 2014, Putin anexou a península ucraniana da Crimeia e passou a apoiar diretamente separatistas russos no leste da Ucrânia. A Rússia voltaria a ser o principal adversário da Otan após pouco mais de duas décadas de convivência relativamente pacífica.

A Otan respondeu posicionando pequenos "grupos de batalha" em seu flanco oriental e aumentando a disponibilidade operacional de uma força de intervenção. Enquanto isso, a expansão continua. Croácia, Albânia, Montenegro e Macedônia do Norte se juntaram à aliança.

Suécia e Finlândia fortalecem aliança

Após o ataque à Ucrânia em 2022, a Finlândia e a Suécia, que até então eram neutras, também solicitaram a entrada à Otan. Ambos foram aceitos após a oposição inicial da Turquia e da Hungria.

Hoje, a organização tem 32 membros, 20 a mais do que quando foi criada. A tarefa mais importante é novamente a defesa territorial.

Os membros da Otan, e não a organização em si, prometem apoio financeiro e equipamentos à Ucrânia até que a Rússia termine a guerra. A aliança está determinada a evitar ser vista como parte da guerra pela Rússia e ser atacada.

Deutsche Welle A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas.
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