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9 em cada 10 gaúchos atingidos pelas enchentes relatam ansiedade, diz pesquisa

Simone Hauck, coordenaora da pesquisa, narra um relato impactante coletado no estudo: "'Eu escuto a água da torneira e é como se a enchente estivesse acontecendo de novo'", disse um dos entrevistados

11 jun 2024 - 12h36
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Um pesquisa em andamento da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) aponta que nove entre dez gaúchos estão afetados, psicologicamente, pelas enchentes e chuvas que atingiram o estado no mês de maio. O estudo em conjunto com o Hospital de Clínicas de Porto Alegre.

Bairro do Laranjal, em Pelotas (RS). A cidade também foi castigada pelas enchentes
Bairro do Laranjal, em Pelotas (RS). A cidade também foi castigada pelas enchentes
Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil / Perfil Brasil

Transtorno do estresse pós-traumático (TEPT), ansiedade, depressão e esgotamento profissional (burnout) são doenças de saúde mental citadas pelos entrevistados.

Foram analisadas mil de 2,5 mil respostas a questionários aplicados ao longo de três semanas no Rio Grande do Sul (RS).

Ansiedade é o sintoma mais citado entre os gaúchos

Entre os dados já compilados pela pesquisa, a ansiedade é o grande destaque, com 91% dos entrevistados respondendo que têm sintomas; 60% relataram burnout; e depressão, 50%.

A psiquiatra Simone Hauck, coordenadora do estudo, analisou as respostas: há relatos de abalo mesmo em quem não foi diretamente atingido pela subida das águas.

"O que a gente tem visto é que, mesmo voluntários, pessoas que participaram dos resgates, eu ouvi cada relato, por exemplo, 'eu escuto a água da torneira e é como se a enchente estivesse acontecendo de novo'".

Hauck menciona outros relatos. "'Quando eu vou dormir, eu não perdi nada, mas quando eu vou dormir, eu sonho que a água está chegando no meu apartamento'. 'Eu não consigo acreditar mais que vale a pena conquistar qualquer coisa na vida porque a gente pode já perder a qualquer momento'. E isso afetando pessoas que nem foram tão atingidas, sabe?", diz.

Quando procurar ajuda especializada?

A pesquisadora pondera que uma parte do público entrevistado tem esses sintomas de forma passageira, ou seja, eles devem diminuir conforme o tempo da tragédia se distancia, com a resolução de problemas de moradia ou outros transtornos ligados à enchente. As pessoas que seguirem com os sinais, contudo, devem procurar ajuda especializada para evitar o agravamento do quadro.

Perfil Brasil
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