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A briga entre um pequeno vilarejo da Romênia e uma das maiores grifes de moda do mundo

Quando a Dior lançou um colete idêntico às vestimentas tradicionais da cidade de Beiuș, na região de Bihor, os romenos resolveram reagir.

29 jun 2018 - 18h10
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Algumas das artesãs foram visitar a Semana de Moda de Paris
Algumas das artesãs foram visitar a Semana de Moda de Paris
Foto: Beau Monde/McCann / BBC News Brasil

O pequeno vilarejo de Beiuș, na região de Bihor, na Romênia, comprou uma briga com a grife francesa Dior.

A marca de moda criou, para uma de suas coleções, um colete igualzinho às vestimentas tradicionas da cidade.

A peça foi exibida em desfiles e é vendida por 30 mil euros, mas as artesãs que produzem casacos do tipo há mais de cem anos não foram sequer citadas pela marca.

A revista de moda romena Beau Monde então fundou uma grife, a Bihor Couture, para dar visibilidade à cultura de Beiuș.

Artesãos de Beiuș dizem que a Dior 'quase acertou' na produção da colete
Artesãos de Beiuș dizem que a Dior 'quase acertou' na produção da colete
Foto: Beau Monde/McCann / BBC News Brasil

A marca romena vende o colete original de Beiuș por 500 euros e outras peças criadas pelos artesãos do vilarejo.

A Bihor Couture lançou uma campanha publicitária estrelada pelas artesãs romenas, que agora também são designers oficiais da marca.

Elas estão em anúncios em revistas impressas e em um comercial criado pela agência publicitária McCann.

Algumas artesãs até fizeram uma visita à Semana de Moda de Paris.

A região de Bihor produz casacos tradicionais como o usado pelo menino da esquerda há mais de cem anos; a Dior usou o modelo em uma de suas coleções (à dir.)
A região de Bihor produz casacos tradicionais como o usado pelo menino da esquerda há mais de cem anos; a Dior usou o modelo em uma de suas coleções (à dir.)
Foto: Beau Monde/McCann / BBC News Brasil

A Bihor também fez um convite para a diretora criativa da Dior, Maria Grazia, para criar uma peça em parceria com as artesãs, mas não obteve resposta.

Manter a tradição

Depois do lançamento da campanha, em 14 de março, as vendas no site dispararam, e mais artesãos tiveram que ser contratrados.

As vendas tiveram um pico de novo neste mês, quando celebridades do Instagram começaram a usar as peças e compartilhar na rede social.

O lucro da venda das peças ajuda a manter viva a tradição de tecelagem da região
O lucro da venda das peças ajuda a manter viva a tradição de tecelagem da região
Foto: Beau Monde/McCann / BBC News Brasil

Além de compor a renda das artesãs locais, o lucro das vendas também financia uma escola de tecelagem na região, que ajuda a manter viva a tradição.

Apropriação cultural

A indústria da moda tem sofrido críticas constantes e sido acusada de apropriação cultural pelo hábito de usar estampas e designs de diferentes culturas para criar coleções sem dar crédito nem visibilidade para os criadores.

Foi o caso, por exemplo, do estilista americano Marc Jacobs, que usou dreadlocks em um desfile. Ele depois pediu desculpas pela escolha.

A BBC News Brasil procurou a Dior sobre a campanha da Bihor, mas não teve resposta até a conclusão dessa reportagem.

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