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A ilha 'bebê' do Pacífico que pode ajudar a encontrar vida em Marte

Cientistas da Nasa dizem que ilha vulcânica Hunga Tonga Hunga Ha'apai tem ambiente parecido com o do Planeta Vermelho

14 dez 2017 - 17h29
(atualizado às 17h30)
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Desde janeiro de 2015, cientistas da Nasa têm observado cuidadosamente uma das ilhas mais novas da Terra. Pode soar improvável, mas os pesquisadores acreditam que o lugar poderia ajudá-los a encontrar evidências da vida em Marte.

A ilha vulcânica Hunga Tonga Hunga Ha'apai (HTHH) começou a se formar em dezembro de 2014, no sul do Pacífico, após a erupção de um vulcão submarino. De lá para cá, sua forma tem mudado, já que ela tem sido atingida por ondas.

Para os estudiosos, a erosão do local têm características semelhantes às vistas no solo de Marte.

Se isso for verdade, é realmente intrigante. Na Terra, sabemos que onde quer que tenha processos de vulcões submarino há frequentemente condições para favorecer comunidades microbiológicas.

O que os pesquisadores veem surgir em Hunga Tonga Hunga Ha'apai (HTHH) consequentemente pode ser o tipo de um padrão para ajudá-los a entender melhor o ambiente aquático de Marte e, por extensão, se as condições podem ter sido favoráveis para o início de formas mais simples de vida.

"Vamos usar a ilha HTHH para tentarmos entender Marte" , disse Jim Garvin, diretor científico do Centro Goddard de Voos Espaciais da Nasa.

Garvin e seus colegas apresentaram seus estudos sobre a ilha no Encontro de Outono da União Geofísica Americana.

Ilha bebê no Pacífico

A ilha surgiu fora do vulcão Hunga, a 65 quilômetros ao noroeste da capital de Tonga, Nukualofa.

A nova formação geológica surgiu do que chamam erupção "Surtseyan", nome dado em homenagem à ilha Surtsey, na Islândia, formada da mesma maneira. Nessa erupção, o magma entra em contato com a água fria do mar e causa uma explosão violenta de cinzas e fragmentos de rocha.

Esse material se acumula na superfície do oceano formando o que se chama de tufo vulcânico, uma substância parecida com o cimento.

No caso da ilha HTHH, esse tufo tem mais de 100 metros de altura. Os cientistas, no entanto, acreditam que, eventualmente, as tempestades levarão à sua erosão.

Entretanto, isso poderá levar várias décadas e os cientistas pretendem usar imagens de satélite de alta-resolução para acompanhar cada passo desse processo.

Imagens de satélite mostram o local antes e depois da formação da ilha
Imagens de satélite mostram o local antes e depois da formação da ilha
Foto: BBC News Brasil

De fato, essa é a primeira ilha desse tipo a surgir na era moderna sem desaparecer imediatamente, dando aos cientistas uma visão sem precedente da órbita do início da vida e da evolução da HTHH.

"Uma das coisas que esperamos fazer é conectar o ritmo da erosão com a água em diferentes profunidades", disse Garvin à BBC.

"Faremos fotografias time-lapse da ilha analisando seu ciclo de erosão, e isso nos dará uma sequência para procurar em Marte. E se virmos isso lá, então talvez isso queira dizer que a água do planeta em alguns desses lugares era de dezenas a centenas de metros de profundidade e estava presente tempo o suficiente para fazer o mesmo trabalho de erosão".

Água e tempo são os ingredientes essenciais para a vida. E também são fonte de energia e provedores de nutrientes.

Na Terra, todas essas condições são encontradas em aberturas vulcânicas no assoalho do oceano. Comunidades microbiológicas são desenvolvidas em torno de água rica em minerais que jorram das fissuras das rochas quentes. E essa é uma das razões por que os cientistas estejam levando satélites para procurar evidências de atividades similares no Planeta Vermelho.

Marte é atualmente muito seco, mas nem sempre foi assim. E se ele teve um sistema vulcânico similar ao da ilha HTHH ou Surtsey então seus vestígios poderiam estar entre os melhores lugares para enviar uma sonda e buscar sinais de vida preservada.

"Há muito tempo, os sistemas hidrotermais de Marte têm sido compreendidos como um ótimo local para possivelmente ter havido vida ou ter produzido minerais e formas de relevo que pudessem preservá-la. Falamos de 'bioassinaturas em potencial' - é uma das coisas que a sonda robótica Marte 2020 que a Nasa está enviando irá procurar."

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