A Mineração frente às dificuldades das operações a céu aberto
Atrasos nas operações, aumento dos custos, falta de mão de obra e danos ambientais, são alguns dos prejuízos que o setor pode sofrer sem o preparo adequado para as mudanças climáticas.
A mineração é um setor que possui diversas atividades realizadas à céu aberto e por esse motivo, existe um forte impacto das chuvas, principalmente se estas forem acompanhadas por uma grande quantidade de descargas atmosféricas. Essas tempestades de raios ocorrem em todo país e durante todo o ano, sendo que em algumas regiões são mais intensas e frequentes no período chuvoso nos meses de outubro a março.
Nessa época na região Sudeste é comum recordes de chuvas, porém mesmo fora do período chuvoso também há episódios de chuvas intensas, reforçando a importância do monitoramento meteorológico para essas atividades. Consideramos também que a mineração é sensível às mudanças climáticas devido à dependência direta de recursos minerais como matéria-prima, além da integridade da infraestrutura.
Como existem diversas evidências sobre os prejuízos econômicos e sociais ocasionados por eventos climáticos, e pensando no atual cenário de escassez hídrica no Sudeste, é de suma importância a adoção de estratégias adequadas de adaptação, voltadas para a melhoria da gestão das oportunidades e dos riscos climáticos, para a atenuação das perdas econômicas e para o aumento da resiliência climática.
O setor de mineração no Brasil apresentou uma queda de desempenho no primeiro trimestre de 2022, segundo dados do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM). Na comparação com o mesmo período de 2021, a produção caiu 13%, enquanto que o faturamento encolheu 20%, além de uma redução das exportações em 22,8%.
De acordo com o IBRAM, dois fatores contribuíram para esse cenário. O primeiro está relacionado à China, principal importadora dos minérios do país. No primeiro trimestre as exportações para os chineses caíram 31% em relação ao ano passado. O segundo fator foram as fortes chuvas de janeiro em Minas Gerais, onde diversas unidades foram paralisadas por precaução ou para manutenção, impactando a produção.
Atrasos nas operações, aumento dos custos, falta de mão de obra e danos ambientais, são alguns dos prejuízos que o setor pode sofrer sem o preparo adequado para as mudanças climáticas. "A mineração tem muitas estruturas sujeitas a fenômenos meteorológicos: barragens de rejeito, infraestrutura de transporte, entre outros. Toda a dinâmica associada ao negócio de mineração pode ser afetada pelo clima", explica Rinaldo Mancin, diretor de assuntos ambientais do IBRAM.
Baseada no relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), a Universidade de Cambridge publicou o trabalho Climate Change: implications for extractive and primary industries (Mudança Climática: implicações para indústrias primárias e extrativistas), trazendo uma análise do cenário climático atual e as soluções para os principais problemas causados pelo clima no setor de mineração. Segundo os estudos, independente do risco que os eventos climáticos possam ocasionar, o mais importante para prevenção é o planejamento.
Entre os pontos levantados nos estudos, alguns deles são:
- Investir recursos de planejamento em áreas que promovam o conhecimento dos riscos e das oportunidades das mudanças climáticas e o desenvolvimento de abordagens de adaptação sólidas, de acordo com a cultura operacional e corporativa da companhia;
- Aperfeiçoar padrões do design de engenharia, critério de design e especificações de contrato, levando em conta as mudanças climáticas;
Realocar ou aumentar as operações fora das áreas de risco;
- Aumentar a frequência de manutenção e monitoramento dos ativos sensíveis aos efeitos do clima;
- Preparar-se para situações críticas com cadeias de suprimentos alternativas, fontes de reserva de água e energia;
- Diversificar as operações e o investimento em diferentes regiões geográficas, commodities e mercados;
- Ter um seguro contra riscos inevitáveis;
- Construir relacionamentos com as comunidades locais para informar sobre ações de adaptação, riscos potenciais e sistemas de alerta;
- Reter ou restaurar barragens naturais em ambientes costais e fluviais para aumentar a resistência contra enchentes, erosões, tempestades e outros eventos climáticos extremos;
- Eliminar ou reduzir pressões não relacionadas ao clima nos ecossistemas e espécies em risco pela conservação ambiental e o planejamento de gerenciamento da terra.
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