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A última crônica

Não lembro de ter feito movimentos por insatisfação; vejo o fim se aproximando e talvez, para evitar esse fim, me transformo

21 dez 2024 - 03h10
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"Você vai andar de bicicleta de rodinhas por um tempo", foi a frase que meu novo chefe disse sobre minha mais recente fase. Ao longo da vida, fui me tornando uma expert em me reinventar. Sempre, por necessidade, posso garantir. Sei que existem pessoas que carregam dentro delas esse chip que as leva a se transformarem por um impulso vindo de insatisfações próprias. Não é meu caso. Sou quase sempre feliz com a situação em que me encontro, sempre gostei do meu trabalho. Adorei todas as casas em que morei e não lembro de ter feito movimentos por insatisfação mas, por ser a única forma de manter. Ou muda ou acaba. Porque é assim mesmo que esses movimentos me pegam. Vejo que algo está se esgotando, uma carreira, uma relação, a vida em uma casa. Vejo o fim se aproximando e talvez, para evitar esse fim, me transformo! Busco, então, caminhos alternativos para manter meu espaço no mundo.

'Acho que olhar para o tempo à frente e ver que ele é menor do que o que já passou me trouxe essa agilidade.'
'Acho que olhar para o tempo à frente e ver que ele é menor do que o que já passou me trouxe essa agilidade.'
Foto: Juliana Azevedo/Divulgação / Estadão

Tenho estado mais atenta aos ciclos da vida e hoje me movimento mais rápido. Acho que olhar para o tempo à frente e ver que ele é menor do que o que já passou me trouxe essa agilidade, quero viver a vida na sua máxima potência e, claro, isso significa coisas diferentes para cada um de nós. No meu caso, o trabalho ocupa um grande espaço e tem exigido mudanças rápidas para acompanhar as transformações que minha área, a comunicação, têm sofrido. Estou disposta ao movimento, mesmo me sentindo angustiada ao olhar um novo com que ainda não sei lidar. Foi assim que me transformei de assessora de imprensa a líder de um movimento digital, a cronista e jornalista no Estadão. Fui abrindo portas e, claro, fechando algumas, com dor, mas focada no novo.

Ontem li uma frase creditada a Manoel de Barros que dizia: "O tempo não morre. O tempo nasce. Devemos estar abertos para o novo, para o futuro, para o que vem". Tudo isso para dizer que hoje publico a última crônica nesse espaço. Foram 210 em 4 anos. Andei de rodinhas por um tempo até me entender como cronista e sair pedalando com o vento no rosto e uma sensação de liberdade que a escrita em tom pessoal me traz. As crônicas são agora parte de mim mas vou me arriscar de novo. Vou usar bicicleta de rodinhas por um tempo. Terei medo, precisarei de apoio e estou disposta a fazer o esforço para superar o momento e me entregar à delícia desse olhar como alguém que consegue aprender novos fazeres. Obrigada de todo coração e até já!

'Acho que olhar para o tempo à frente e ver que ele é menor do que o que já passou me trouxe essa agilidade.'
'Acho que olhar para o tempo à frente e ver que ele é menor do que o que já passou me trouxe essa agilidade.'
Foto: Juliana Azevedo/Divulgação / Estadão
Estadão
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