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Acusado de estupros em série contra a mulher, ex-marido de Gisèle Pelicot pede perdão à família

Dominique Pelicot, que por anos drogou ex-mulher para estuprá-la com estranhos, saúda coragem dela no julgamento

16 dez 2024 - 13h11
(atualizado às 14h18)
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Gisèle Pelicot apoiou divulgação das imagens dos estupros com a frase "que a vergonha mude de lado"
Gisèle Pelicot apoiou divulgação das imagens dos estupros com a frase "que a vergonha mude de lado"
Foto: DW / Deutsche Welle

Em suas últimas palavras antes da sentença, prevista para esta quinta-feira, 19, Dominique Pelicot, o principal réu no julgamento no sul da França de 51 homens acusados de violar a ex-esposa dele, Gisèle Pelicot, saudou nesta segunda-feira, 16, a coragem de sua ex-mulher, que ele drogou por uma década para estuprá-la com estranhos que ele recrutava na internet.

"Gostaria de começar saudando a coragem de minha ex-mulher", disse o homem de 72 anos no último dia de seu julgamento no tribunal de Avignon, no sul da França, onde também pediu à família que aceitasse seu pedido de perdão por tê-la feito sofrer.

Gisèle Pelicot, que se tornou um símbolo global da luta contra a agressão sexual contra mulheres, deixou a sala de audiências sob aplausos e gritos de "bravo" dos presentes.

"Que a vergonha mude de lado"

Desde o seu início, em 2 de setembro, esse julgamento tem chamado a atenção em todo o mundo principalmente devido à recusa de Gisèle Pelicot em realizá-lo a portas fechadas e ao seu apoio à divulgação das imagens dos estupros, sintetizado na frase "que a vergonha mude de lado".

Seu atual ex-marido, contra quem a acusação pediu, em 25 de novembro, a sentença máxima de 20 anos de prisão por drogá-la para que dormisse e em seguida estuprá-la com estranhos entre 2011 e 2020, nunca negou as acusações e nesta segunda-feira reiterou que contou toda a verdade.

"Todos aqui, apesar da presunção de inocência, são culpados, assim como eu", disse Dominique Pelicot nesta segunda-feira.

Ele também agradeceu ao tribunal por permitir que ele acompanhasse o julgamento sentado numa cadeira especial devido à sua saúde frágil e à sua advogada por ajudá-lo a "não desistir".

Mais 50 acusados

A maioria dos outros 50 réus também é acusada de estupro agravado. A promotoria pediu entre 10 e 18 anos de prisão para 49, e 4 anos para o único acusado de "tocar" Gisèle Pelicot.

Dominique Pelicot pediu desculpas novamente à parceira de Jean-Pierre Maréchal, o único acusado que não agrediu Gisèle Pelicot. Em seguida falou Maréchal, que reconheceu os atos dos quais foi acusado. "Julgue-me pelo que fiz e pelo que sou", pediu.

Depois foi a vez dos demais. A maioria não quis testemunhar, embora alguns tenham se mostrado gratos pelo julgamento e pelo trabalho de seus advogados. Outros ainda reiteraram suas desculpas à vítima.

Houve também aqueles que insistiram em negar os fatos, apesar das milhares de fotos e vídeos tirados por Dominique Pelicot enquanto os crimes eram cometidos, provas fundamentais nesse julgamento. "Eu não sou um estuprador", disse um deles.

Depois que todos os 51 réus tiveram a oportunidade de se dirigir à sala de audiências, o presidente do tribunal em Avignon, no sudeste da França, concluiu a curta sessão para o início da deliberação.

O veredicto é esperado para esta quinta-feira, após três meses e meio de audiências.

as (AFP, Efe)

Deutsche Welle A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas.
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