Adotado pela Soldiers, D2C leva preço de fábrica ao cliente
Modelo de negócios direto para o consumidor simplifica a cadeia de distribuição de produtos e alivia o bolso do cliente
Um modelo de negócios vem ganhando espaço e chamando a atenção por sua capacidade de oferecer preços mais acessíveis ao consumidor: o Direct-to-Consumer (D2C), ou direto para o consumidor. Essa estratégia, que elimina intermediários na cadeia de distribuição ao permitir que empresas ofereçam seus produtos diretamente ao cliente final, reduz custos sem a necessidade de alterar a qualidade dos produtos.
No Brasil, um exemplo é a Soldiers Nutrition, que utiliza esse modelo para comercializar suplementos alimentares como creatina, whey protein e pré-treino. Segundo Yuri Abreu, CEO da empresa, o D2C tem sido fundamental para combinar controle de qualidade com competitividade de preço.
Como funciona o modelo D2C?
A principal diferença entre o D2C e o modelo tradicional, conhecido como B2B (Business-to-Business), está na cadeia de distribuição. No formato tradicional, o produto percorre uma série de etapas: sai da fábrica, passa por distribuidores e lojistas, até finalmente chegar ao consumidor. Cada uma dessas fases adiciona custos ao valor final, como taxas operacionais, margens de lucro e impostos.
No modelo D2C, essa complexidade é eliminada. De acordo Renato Alves, especialista em Varejo Físico e Online pela USP, esse formato permite que a empresa venda diretamente da fábrica para o consumidor, o que reduz etapas e intermediários, o que, consequentemente, alivia o preço para o cliente final, sem necessariamente provocar algum tipo de impacto na qualidade de um produto.
"O modelo D2C permite evitar intermediários, o que torna o processo mais enxuto e acessível para quem compra", afirma Abreu.
Economia direta no bolso
Segundo estudo da FecomercioSP, o grande impacto do D2C está no preço final, visto que neste formato, não é necessário incluir custos e margens de lucro de intermediários, como atacadistas ou varejistas, possibilitando que os consumidores possam adquirir um produto pelo custo base, ou seja, sem acréscimos.
Diferente do formato B2B, em que o mesmo produto passa por diversas etapas até chegar ao consumidor que encarece o valor, como distribuidor, lojista ou revendedor, que precisam adicionar uma porcentagem de custos operacionais, impostos e margem de lucro. Juntos, esses fatores podem provocar um aumento de mais de 80% no valor, fazendo com que o preço final multiplique.
Segundo Renato, no modelo tradicional de cadeia de suprimentos, o distribuidor compra diretamente da indústria e revende para lojistas com um acréscimo de cerca de 40%, que cobre seus custos e margem de lucro. "O lojista, por sua vez, ainda precisa adicionar de 20% a 25% ao preço ao vender para seu cliente, considerando lucro, impostos e outros custos operacionais. Como resultado, o valor para o consumidor final no modelo B2B pode chegar ao dobro do praticado no D2C", conclui o especialista.
"Essa diferença no preço final reflete o custo de manter a estrutura do modelo tradicional. No D2C, o consumidor paga apenas pelo produto e não por toda a logística envolvida", explica Yuri Abreu, CEO da Soldiers Nutrition.
Preço acessível não significa baixa qualidade
Apesar da redução de custos, a Soldiers Nutrition, que opera no modelo D2C, destaca que a competitividade nos preços não significa comprometimento com a qualidade. Pelo contrário, o formato permite maior controle sobre a produção e uma relação direta com os consumidores, o que se traduz em mais transparência e eficiência.
"Há uma percepção equivocada de que produtos com preços mais baixos têm qualidade inferior. O D2C quebra esse mito porque torna possível entregar um produto de alto padrão a um preço justo", diz Abreu.
Um modelo em ascensão
O D2C não é apenas uma tendência passageira, mas uma mudança estrutural no mercado, impulsionada pelo crescimento do comércio eletrônico e pela maior familiaridade do consumidor com compras online. Empresas que aderem ao modelo têm se beneficiado de custos reduzidos, maior controle sobre a experiência do cliente e a capacidade de competir com grandes players que ainda utilizam o modelo B2B.
"Para o consumidor, o D2C representa uma escolha que pode impactar diretamente no bolso. Ao eliminar intermediários, o modelo traz a possibilidade de comprar produtos sem pagar mais por uma estrutura intermediária", menciona Renato, especialista em varejo.
"A Soldiers Nutrition cresceu quase 1.000% em 2023, e atribuo muito desse crescimento ao modelo de negócios D2C, pois conseguimos oferecer um produto com um preço justo e menor do que a média de mercado, que acaba seguindo em grande parte o modelo tradicional", conclui Yuri Abreu, CEO da Soldiers Nutrition.