Aécio já prejudicou muito o PSDB, afirma Tasso Jereissati
Ex-presidente do partido diz que é preciso 'dar um jeito nesse problema' ao comentar novas denúncias que envolvem o senador
Ex-presidente do PSDB, o senador Tasso Jereissati (CE) disse nesta terça-feira, 11, que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) já "prejudicou muito" a imagem dos tucanos. Segundo ele, é preciso "dar um jeito nesse problema", quando questionado sobre as novas denúncias que envolvem o mineiro em um esquema de pagamentos via Grupo J&F.
"Eu acho que o Aécio já prejudicou muito o partido. E, se isso for comprovado (mesada para Aécio), é um negócio muito sério. Se essa mesada for realmente verdadeira, é uma questão séria", afirmou. Em seguida, Tasso foi perguntado se o caso era relevante até para expulsão de Aécio Neves da legenda. "Não estou mais na direção do partido, a gente tem que dar um jeito nesse problema. A imagem do partido não pode mais ficar ligada a isso para o resto da vida. Tem que dar um jeito", disse.
A Operação Ross, deflagrada na manhã desta terça-feira, 11, pela Polícia Federal, aponta que o senador Aécio Neves liderou uma associação criminosa que tinha como finalidade comprar apoio político para sua campanha presidencial nas eleições de 2014. De acordo com a PF, o Grupo J&F, dos irmãos Batista, pagou propina, a pedido de Aécio, de R$ 109,3 milhões ao senador, seu partido e outras legendas, como PTB, DEM e Solidariedade.
Em nota, o senador disse que o inquérito se baseia em "delações de executivos da JBS que tentam transformar as doações feitas a campanhas do PSDB, e devidamente registradas na justiça eleitoral" e que a investigação "correta e isenta vai apontar a verdade é a legalidade das doações feitas."
A operação, um desdobramento da Operação Patmos, deflagrada pela PF em maio de 2017, investiga ao todo um suposto pagamento direto e indireto de propina de R$ 128 milhões da J&F ao senador Aécio Neves e seu grupo político entre os anos de 2014 e 2017. De acordo com a PF, parte do valor foi repassada ao senador em espécie e outra por meio de depósitos bancários e pagamento de serviços simulados. São investigados os senadores Agripino Maia (DEM-RN) e Antônio Anastasia (PSDB-MG), e os deputados federais Cristiane Brasil (PTB-RJ), Benito Gama (PTB-BA) e Paulinho da Força (SD-PR).
As investigações mostram que o senador Aécio Neves teria recebido R$ 109,3 milhões para a campanha presidencial da coligação apoiadora do PSDB. O valor teria sido solicitado por Aécio em encontro com o empresário no início de 2014.
A PF aponta que outra parte da propina teria sido entregue a pedido de Aécio por meio de doações oficiais que totalizaram R$ 64,6 milhões a diretórios e candidatos do PSDB. Ao PTB, teria sido destinado R$ 20 milhões, mediante intermediação de Cristiane Brasil, Benedito Gama e Luiz Rondon, tesoureiro do partido. Ao Solidariedade, as doações teriam sido de R$ 15 milhões, por intermédio de Paulinho da Força e Marcelo Lima Cavalcanti.