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Aeronáutica vai ouvir sargento preso com cocaína na Espanha

Segundo informações que chegaram à FAB, Manoel Silva Rodrigues não vai querer se pronunciar e permanecerá calado

7 set 2019 - 22h10
(atualizado às 23h53)
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Preso há mais de dois meses quando tentava desembarcar do avião reserva da comitiva presidencial em Sevilha, portando 39 quilos de cocaína, o sargento da Aeronáutica Manoel Silva Rodrigues deve ser ouvido nesta semana pela Força Aérea Brasileira. O coronel Lincoln Ramos Hungria, encarregado do Inquérito Policial Militar (IPM) aberto pela Aeronáutica para investigar o caso, chega à Espanha nesta semana para tomar o depoimento do sargento. O inquérito, que pede o indiciamento de Silva Rodrigues por tráfico de drogas, já foi encerrado e está nas mãos no Ministério Público Militar, desde o mês passado, mas ainda assim o sargento será ouvido.

Mesmo depois de inúmeros pedidos do Brasil, enquanto o IPM estava aberto, somente agora o governo espanhol autorizou que os militares brasileiros seguissem para Sevilha. As informações que chegaram à FAB, no entanto, dão conta que o sargento não vai querer se pronunciar e permanecerá calado durante a visita dos militares brasileiros.

O segundo-sargento Manoel Silva Rodrigues
O segundo-sargento Manoel Silva Rodrigues
Foto: Reprodução / Estadão Conteúdo

O sargento está em prisão provisória em Sevilha, sem direito a fiança. Apesar de o IPM ter sido finalizado, pedindo que o sargento seja condenado por tráfico de drogas, o que lhe custará a expulsão da FAB e pelo menos 15 anos de prisão, dois outros processos estão em curso. Um no Brasil, comandado pela Polícia Federal, e outro na Espanha.

Na Espanha, a Justiça apura quem seria o receptor da droga. A droga não estava apenas na bagagem despachado do sargento, mas também em sua maleta de mão e em um porta-terno.

De acordo com as investigações realizadas pela Aeronáutica, o sargento teria agido sozinho. Sua mulher, no entanto, tinha conhecimento dos ilícitos praticados por ele.

As ações de busca e apreensão realizadas na casa do casal revelaram que ele possuía uma coleção de relógios, um celular avaliado em R$ 7 mil e eletrodomésticos caros que pareciam recém-adquiridos.

A Policia Federal, por sua vez, descobriu que a moto usada pelo militar, foi comprada em maio, por R$ 32 mil, e a compra foi paga em dinheiro vivo. O Estado apurou que as últimas investigações apontam ainda que o sargento guardava uma quantia em dinheiro, cerca de R$ 40 mil, encontrada por sua mulher, mas retirada do apartamento onde mora dias antes da chegada da Justiça Militar à casa. O salário mensal do sargento é de cerca de R$ 7,2 mil.

Pelo menos 40 militares foram ouvidos no IPM, para checar quais foram os passos do militar no dia do embarque e se outras pessoas poderiam tê-lo apoiado na operação.

Segundo apurou o Estado, na noite anterior ao embarque, o sargento Silva Rodrigues esteve na Base Aérea de Brasília, de onde partiria o avião da FAB para Sevilha, e deixou seu carro. No dia seguinte, data do seu embarque, o sargento chegou ao local do embarque com três horas de antecedência, antes dos demais passageiros e tripulantes, e colocou sua bagagem no porão, sem passá-la por detector de metais ou qualquer tipo de vigilância ou registro.

A checagem de bagagens e dos passageiros em aviões do Grupo de Transportes Especiais (GTE), órgão ao qual o sargento estava ligado, é aleatória e, neste dia, não foi realizada. A seus colegas, o sargento disse que viajava apenas com bagagem de mão. O IPM apontou também que o militar sabia onde ficavam as câmeras da base. No armário dele, foram encontradas plantas com informações sobre a distribuição dos equipamentos.

Ao ser preso em Sevilha com a droga, o sargento declarou à Justiça espanhola que não sabia que sua bagagem continha cocaína. Silva Rodrigues fez pelo menos 30 viagens nacionais e internacionais em aviões da Força Aérea nos últimos cinco anos. Em algumas delas, ele integrava a equipe de servia, ou diretamente ou em apoio, os últimos três ex-presidentes Michel Temer, Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva.

O sargento não estava no avião que atenderia ao presidente Jair Bolsonaro, mas no avião reserva. Usava, então, avião sob responsabilidade da Força Aérea e não da Presidência da República. Após este episódio, a Aeronáutica reformulou todos os procedimentos de vigilância nos embarques de bagagens e passageiros em suas aeronaves.

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