Alemanha identifica navio com petróleo russo à deriva no Mar Báltico
Navio-tanque carregado com quase 100 mil toneladas de petróleo não representa risco ambiental. País vê vínculo da embarcação com "frota fantasma" russa.Equipes de resgate da Alemanha fixaram cabos de reboque em um navio-tanque carregado de petróleo encontrado à deriva no Mar Báltico nesta sexta-feira (10/01) após sofrer uma falha no motor, próximo à ilha alemã de Rügen.
A Alemanha afirma que o navio compõe a chamada "frota fantasma" da Rússia, usada para exportar petróleo apesar das pesadas sanções contra o país. Embarcações vinculadas a este grupo são normalmente antigas e operam sob condições precárias.
O petroleiro Eventin foi construído em 2006 e navega sob bandeira panamenha. Ele estava a caminho do porto russo de Ust-Luga para o Porto Said, no Egito, de acordo com a plataforma de rastreamento de navios Vesselfinder.
O navio, carregado com 99.000 toneladas de petróleo, não será movido por enquanto, informou um porta-voz do Comando Central de Emergências Marítimas da Alemanha (CCME) à agência de notícias alemã dpa.
Um navio da Administração Federal de Vias Navegáveis e Hidrovias da Alemanha, o Arkona, e um rebocador de emergência, Bremen Fighter, foram enviados para o local. Uma equipe de resposta marítima especialmente treinada também foi despachada para embarcar via helicóptero no petroleiro e assegurar a conexão do reboque.
"Os especialistas em reboque de emergência devem garantir que a carga do navio-tanque de 274 metros de comprimento seja distribuída de forma segura e uniforme entre os rebocadores", disse o porta-voz.
Anteriormente, o CCME havia dito que o navio seria rebocado para um porto. O barco permanece selado e não representa risco ambiental imediato nem perigo para a tripulação a bordo.
Alemanha acusa Rússia de usar "frota de petroleiros enferrujados"
Após o incidente, a ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, acusou a Rússia de causar deliberadamente danos ambientais "com o uso imprudente de uma frota de petroleiros enferrujados" e chamou o incidente de uma "ameaça para a segurança europeia".
"Ao implantar impiedosamente uma frota de petroleiros enferrujados, [o presidente russo Vladimir] Putin não está apenas contornando as sanções, mas também está aceitando de bom grado que o turismo no Mar Báltico seja paralisado" no caso de um acidente, disse.
Sanções contra navios
Além das sanções ocidentais contra o setor petrolífero russo, os EUA e os países europeus também estão impondo sanções a navios que se acredita fazerem parte da "frota fantasma".
Até o momento, a União Europeia sancionou mais de 70 embarcações, enquanto os EUA e o Reino Unido anunciaram nesta sexta-feira novas vetos a 183 navios, todos supostamente parte da frota.
A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) tem feito operações no Mar Báltico, após acusações de que os petroleiros estariam também sendo usados para romper cabos submarinos de energia e telecomunicações.
gq (DW, AFP, DPA)