Alemanha lidera em racismo contra negros na UE, diz estudo
Negros que vivem na União Europeia enfrentam níveis de assédio e discriminação mais elevados do que há seis anos, mostra levantamento, com Alemanha e Áustria à frente.O racismo contra negros na União Europeia (UE) atingiu um novo patamar, com Alemanha e Áustria liderando os relatos de assédio e discriminação raciais, segundo um relatóriodivulgado nesta quarta-feira (25/10) pela Agência dos Direitos Fundamentais da União Europeia (FRA).
Para o estudo, a agência entrevistou imigrantes negros de primeira e de segunda geração que vivem em 13 países do bloco. O levantamento revelou que um terço dos entrevistados se sentiram discriminados devido à cor da sua pele nos últimos 12 meses - o que representa um aumento de dez pontos percentuais em relação à pesquisa anterior, realizada há seis anos.
No entanto, na Alemanha e na Áustria, 64% dos entrevistados disseram ter sofrido discriminação racial no período analisado pelo levantamento - ou seja, quase o dobro da média europeia. Em comparação: na pesquisa anterior, 33% dos migrantes na Alemanha disseram ter sido vítima de racismo. Em seis anos, esse número praticamente dobrou.
"É chocante não ver nenhuma melhora desde a nossa pesquisa anterior", afirmou o diretor da FRA, Michael O'Flaherty. "Em vez disso, as pessoas de ascendência africana enfrentam cada vez mais discriminação apenas por causa da cor de sua pele."
A pesquisa também questionou os entrevistados se eles foram vítimas de racismo nos últimos cinco anos, e 45% disseram que sim, um aumento de seis pontos percentuais em relação ao estudo anterior.
De novo, a Alemanha liderou o ranking, com 76% dos entrevistados no país afirmando terem sofrido discriminação racial nos últimos cinco anos. As taxas mais elevadas de assédio racista também foram observadas na Alemanha, com 54% dos entrevistados afirmando ter sofrido esse tipo de violência nos últimos cinco anos.
Depois da Alemanha, a Áustria e a Finlândia registram os índices mais altos de discriminação e assédio raciais. Portugal, Suécia e Polônia são os países com as menores taxas de racismo na pesquisa.
Discriminação e pobreza
Apesar de 30% dos entrevistados revelarem que foram vítimas de racismo na UE no ano passado, o relatório mostrou que poucos deles denunciaram a violência. O documento afirma ainda que mulheres jovens, pessoas com ensino superior e que usam vestimentas religiosas são os que mais sofrem racismo.
Um terço dos entrevistados afirmou que se sentiu descriminado ao procurar um emprego, enquanto 31% disseram que sentiram o mesmo quando tentaram encontrar um local para morar.
O relatório revelou ainda que negros na União Europeia estão mais propensos a enfrentar a pobreza, com 33% dos entrevistados tendo dificuldades de pagar as contas e 14% não conseguindo manter suas moradias aquecidas. Entre a população geral, esses índices ficam em 18% e 7%, respectivamente.
A FRA pediu que os países membros da União Europeia tomem medidas para diminuir o racismo, incluindo a aplicação adequada da lei antidiscriminação, a identificação e punição de crimes de ódio, além da prevenção e erradicação da discriminação institucional, como, por exemplo, dentro da polícia.