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Antes de sumir, indigenista gravou áudio denunciando ataques de pescadores ilegais

Em gravação feita em maio, Bruno Pereira diz que invasores de terra indígenas "estavam atirando" contra bases de fiscalização

15 jun 2022 - 12h10
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Indigenista Bruno Pereira e jornalista britânico Dom Philips
Indigenista Bruno Pereira e jornalista britânico Dom Philips
Foto: TV Globo/Reprodução

O indigenista Bruno Pereira, que está desaparecido desde 5 de junho junto do jornalista britânico Dom Phillips, gravou um áudio no mês passado denunciando ataques de pescadores ilegais contra bases de fiscalização na Amazônia.

O conteúdo foi obtido com exclusividade pela TV Globo e Rede Amazônica. No material, é possível ouvir Bruno citando invasores de terra indígenas que atiram contra equipes que tentam proteger o local.

"São esses caras que estão atirando na equipe, esses caras que atiraram na base", afirma no áudio.

O conteúdo traz ainda a menção de uma reunião que seria realizada no dia 3 de junho, dois dias antes do desaparecimento, para discutir o combate à pesca ilegal na região.

"A gente está preparando uma reunião, uma articulação para a Câmara de Vereadores e a Prefeitura [de Atalaia do Norte] na Comunidade São Rafael na sexta-feira, dia 3 de junho", afirma o indigenista. "[Que é sobre] os maiores, né, os grandes invasores da terra indígena e eles vão perder o manejo do pirarucu que demorou 10 anos para eles tirarem. Então ‘vai tentar se fazer’ um grande coletivo e tentar empurrar eles a manter o manejo, e tirando alguns deles, pelo menos os mais jovens, da invasão da terra indígena, né", acrescentou.

A reunião citada no áudio não ocorreu porque o prefeito de Atalaia do Norte, Denis Paiva, tinha outro compromisso na data.

Entenda o caso

Bruno Pereira, servidor licenciado da Fundação Nacional do Índio (Funai), e Phillips, colaborador do jornal The Guardian, visitaram uma localidade conhecida como Lago do Jaburu em 3 e 4 de junho para a realização de entrevistas com indígenas. Eles deveriam ter voltado à cidade de Atalaia do Norte (AM) na manhã de 5 de junho, porém, não deram mais notícias desde que saíram da comunidade ribeirinha São Rafael.

O desaparecimento ocorreu na Terra Indígena Vale do Javari, no oeste do Amazonas e que cobre uma área de 8,5 milhões de hectares, um território maior que países como Áustria e Irlanda.

A região, que tem a maior população mundial de indígenas isolados, tem sofrido com frequentes tiroteios entre caçadores e pescadores ilegais e agentes de segurança, que têm uma base permanente na área.

Pereira era alvo frequente de ameaças por conta de seu trabalho com comunidades indígenas para evitar invasões de pescadores, madeireiros e garimpeiros, em uma região que concentra o maior número de povos isolados no mundo.

Fonte: Redação Terra
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