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Após 'Lula está preso, babaca', Cid Gomes defende estratégia

Autor da frase que acirrou os ânimos entre PDT e PT no segundo turno das eleições de 2018, irmão de Ciro considera posição do ex-presidente 'correta'

3 out 2019 - 18h23
(atualizado às 18h54)
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O senador Cid Gomes (PSB-CE) em seu gabinete de trabalho em Brasília
O senador Cid Gomes (PSB-CE) em seu gabinete de trabalho em Brasília
Foto: DIDA SAMPAIO / Estadão Conteúdo

Autor da frase "o Lula está preso, babaca" nas eleições de 2018, o senador Cid Gomes (PDT-CE) defende agora a estratégia do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de continuar preso em regime fechado. Desde 29 de setembro, o petista passou a ter o direito à progressão para o regime semiaberto, mas afirmou que não aceita "barganhar" sua liberdade. Procuradores da Lava Jato pediram à Justiça que Lula fosse transferido para o novo regime por ter cumprindo um sexto da pena.

"O que ele deseja da Justiça é o reconhecimento da sua propalada inocência, autoproclamada inocência. Qualquer outra coisa que ele faça aquiescendo, vai ser uma concordância tática da condenação", afirma Cid ao Broadcast Político, serviço de cobertura em tempo real do Grupo Estado. "Dentro da estratégia dele, eu acho que ele está correto."

Perguntado se acredita na inocência do ex-presidente, o senador evoca o entendimento do irmão e ex-candidato a presidente Ciro Gomes (PDT). "Ele não encontrou elementos de prova para justificar uma condenação", diz o senador.

Em plena campanha do segundo turno do ano passado, Cid subiu em um palanque do PT em Fortaleza para afirmar que o PT perderia a eleição por não assumir que fez "muita besteira". Coordenador da campanha do irmão em 2018, Cid afirma que Ciro acertou em ter ido a Paris depois de derrotado no primeiro turno e evitado declarar apoio ao candidato Fernando Haddad (PT).

A estratégia, justificou, tem o olhar lá na frente, mesmo que o adversário tenha sido Jair Bolsonaro. "Ele (Ciro) quis demarcar muito claramente que não iria mais participar de nenhum projeto nacional com o PT."

Em relação ao governo Bolsonaro, Cid Gomes defendeu que o presidente termine o mandato. "Não tenho bola de cristal, mas, no que depender de mim, ele ficará até o último dia de mandato. Eu acho que essa cultura golpista precisa ser abolida da democracia brasileira." O senador defende uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para instituir o chamado recall eleitoral, em que a população pode ser chamada a decidir se um presidente da República continua no mandato ou não antes dos quatro anos. "Se quiser aprovar isso, eu aprovo para o próximo eleito, para sair dessa cultura golpista de arrumar pedalada para depor alguém."

No Congresso, bloco tenta isolar PT

No Senado, Cid Gomes tem se articulado em um bloco de oposição separado do PT. O grupo reúne PDT, PSB, Rede e Cidadania.

Nesta semana, ele decidiu iniciar uma disputa contra o líder do PP na Câmara, Arthur Lira (AL), para impedi-lo de ser eleito presidente daquela Casa em 2021. O senador, no entanto, evita declarar apoio a uma PEC que autorizaria a reeleição dos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e Davi Alcolumbre (DEM-AP), no comando das duas Casas.

Atualmente, um deputado ou um senador só pode ser reconduzido ao cargo de presidente da Câmara ou do Senado entre uma legislatura e outra. "O rodízio, a alternância de poder é um conceito republicano que deve ser preservado. Eu não acho que seja bom. Para não parecer que estou trabalhando contra uma eventual reeleição do Davi ou do Rodrigo, estou falando em tese."

Veja também:

Em carta, Lula diz que não aceita barganhar sua liberdade:
Estadão
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