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Arqueólogos encontram esqueleto formado por 7 pessoas

11 dez 2024 - 14h24
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A arqueologia sempre reserva surpresas, mas o achado na antiga cidade de Pommerœul, na Bélgica, levou especialistas a questionar o que acreditavam sobre as práticas funerárias do passado. Nos anos 1970, um esqueleto peculiar foi desenterrado, misturado a sepulturas tradicionais da era romana, com um detalhe instigante: não pertencia a uma única pessoa, mas era uma combinação de restos de pelo menos sete indivíduos de épocas distintas.

Inicialmente, a presença de um broche romano ao lado do crânio levou os pesquisadores a classificarem o esqueleto como romano
Inicialmente, a presença de um broche romano ao lado do crânio levou os pesquisadores a classificarem o esqueleto como romano
Foto: Antiquity / Reprodução / Perfil Brasil

Inicialmente, a presença de um broche romano ao lado do crânio levou os pesquisadores a classificarem o esqueleto como romano. No entanto, uma análise aprofundada mudou essa interpretação. As datas de radiocarbono revelaram que, embora algumas partes fossem do período romano, outros ossos datavam da época Neolítica, indicando uma origem bem mais antiga. Esse quebra-cabeça arqueológico abriu novas questões sobre a interação entre diferentes culturas e épocas.

Como foi montado esse esqueleto multiepochal?

A investigação mais detalhada indicou que o esqueleto era uma montagem de restos de várias pessoas, cada uma pertencendo a diferentes períodos históricos. O estudo revelou que enquanto alguns ossos datavam do final do Neolítico, o crânio pertencia a uma pessoa enterrada em um cemitério romano distante. Assim, a pergunta que se seguiu foi: quem criou esse enigma de ossadas e qual era o seu propósito?

Os cientistas propuseram diversas teorias para explicar a coexistência de restos de eras tão distintas. Uma ideia sugere que quando os romanos começaram a usar o espaço para suas sepulturas, encontraram e alteraram enterros mais antigos, substituindo partes para completar o esqueleto. Outra hipótese considera a possibilidade de uma montagem intencional durante a era romana, utilizando ossos coletados localmente, incluindo um crânio recente da própria época.

Por que misturar ossos de diferentes períodos?

Seja qual for a razão, o ato de misturar ossos de várias épocas levanta questões sobre as práticas culturais e rituais. A explicação mais aceita sugere que a montagem inicial foi obra de uma comunidade neolítica, modificada posteriormente pelos romanos. A decisão dos romanos de adicionar um toque próprio pode ter sido motivada por crenças culturais da época, sinalizando um possível respeito ou reconhecimento supersticioso dos restos.

Esse cárcere de ossadas oferece uma nova perspectiva sobre as práticas funerárias, mostrando que, além de honrar seus mortos, as civilizações podem ter tentado preservar ou reimaginar as histórias ocultas nos ossos deixados por outras culturas. O mistério ainda perdura, mas a interpretação mais provável é que, mesmo separadas por milênios, diferentes sociedades se encontravam em um diálogo ao longo do tempo, através do que deixavam para trás.

Quais são as implicações para a arqueologia?

Embora já se tenha testemunhado diversos rompimentos e misturas culturais ao longo da história, um esqueleto que reúne partes de diferentes eras desafia a cronologia tradicional dos achados arqueológicos. Esse tipo de descoberta provoca uma reflexão mais profunda sobre as práticas de preservação de memória e sobre a maneira como as civilizações interagiram com o seu passado.

Esse composto de ossos, vagando entre milênios, representa mais do que um simples achado, ele transforma nossa visão sobre rítuos passados e oferece uma janela para entender as diversas camadas de interpretação cultural ao longo da história humana. O esqueleto da Bélgica continua a inspirar estudos e debates, reafirmando o fascínio pela descoberta das complexas vidas de nossos predecessores.

Perfil Brasil
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