As origens do Pilates, que beneficia o corpo e a mente
Método que exige autocontrole e precisão foi criado por um alemão na primeira metade do século 20. Com a ajuda da esposa, ele desenvolveu a técnica que conquistou adeptos mundo afora.
Hoje mundialmente conhecido, o Pilates envolve força muscular, autocontrole, consciência na respiração e filosofia de movimento. A complexa compilação de exercícios foi desenvolvida pelo alemão Joseph Hubert Pilates, com a ajuda da esposa.
Nascido no ano de 1883 no estado alemão da Renânia do Norte-Vestfália, Pilates teve uma infância marcada por problemas físicos e respiratórios, como asma, febre reumática e raquitismo. Já na juventude, ele interessou-se pelo treinamento e fortalecimento do corpo, inteirando-se sobre ginástica, esqui, fisiculturismo, ioga e meditação.
Durante a Primeira Guerra Mundial, Joseph Pilates passou um período detido e usou a reclusão para estudar a fundo o movimento dos animais e a prática da ioga e desenvolver sua própria metodologia. Detentos participavam dos sistemáticos exercícios, e há supostos registros de que eles sobreviveram ilesos à forte epidemia de gripe da época, além de demonstrarem ótima saúde apesar de confinados.
De acordo com a Associação Brasileira de Pilates, nesse período Joseph Pilates "usou as camas hospitalares e outros artefatos [cintos, lastros e molas] para fortalecer enfermos, desenvolvendo os primeiros protótipos dos aparelhos hoje conhecidos".
Após a guerra, Joseph Pilates voltou para Alemanha, onde trabalhou como preparador físico, especialmente com policiais de Hamburgo e bailarinos. Por volta de 1925, ele emigrou para os Estados Unidos, e, na viagem, conheceu a futura esposa e parceira no desenvolvimento do método que se tornaria mundialmente famoso, a enfermeira Clara Zeuner.
Em Nova York, Joseph Pilates abriu um centro de treinamento no mesmo prédio do New York City Ballet. A dedicação da esposa foi fundamental para organização de seu método, além de incrementá-lo para reabilitação corporal. Famosos dançarinos e coreógrafos da época tornaram-se adeptos, como Martha Graham e George Balanchine. A essa altura já estava integrada à "filosofia Pilates" a importância da dança e do movimento para o equilíbrio do corpo e da mente.
Joseph Pilates escreveu suas teorias e métodos em livros como Sua saúde e Retorno à vida pela Contrologia, nome pelo qual o inventor chamava a técnica. Ele também foi inventor de mais de 20 aparelhos especialmente desenvolvidos para a prática, que utilizam o peso do próprio corpo e exigem propulsão do usuário.
Depois do marido, aos 84 anos, Clara continuou a dirigir o estúdio do casal por dez anos, até morrer em 1977. A prática continuou através de seus pupilos, treinados ao longo de 50 anos.
Fortalecimento e consciência corporal
Como uma filosofia do movimento, os mais de 300 exercícios criados pelo casal Pilates promovem alinhamento mental e físico, consciência corporal e fortalecimento e alongamento dos músculos.
O treino tem como principais benefícios melhorias na circulação sanguínea, no condicionamento físico e na resistência respiratória e muscular. Os movimentos são feitos lentamente, exigindo atenção do praticante.
A Contrologia passou a ser conhecida pelo sobrenome de seu desenvolvedor graças à popularização de publicações na década de 80 que compilaram seus ensinamentos. Friedman e Eisen, por exemplo, sintetizaram seis princípios no livro The Pilates Method of Physical and Mental Conditioning: respiração consciente; concentração; controle; fluidez; precisão; e centralização da força.
Deve-se reforçar que a difusão dos ensinamentos de Pilates adaptou-se às preferências de seus discípulos, gerando diferentes vertentes. Detalhes como aparelhos usados e nomenclatura dos princípios podem se diferenciar dependendo do difusor do método.
Popularização no Brasil
De acordo com a Aliança Brasileira de Pilates (Abrapi), a primeira pessoa a difundir a técnica no país foi a baiana Alice Becker Denovaro, abrindo um estúdio em Salvador no ano de 1991. Graduada em Dança pela Universidade Federal da Bahia e mestre em Coreografia pelo California Institute of The Arts, Alice trouxe consigo dos Estados Unidos o primeiro aparato de pilates.
Cada metrópole brasileira teve seu próprio pioneiro, como a dançarina Ruth Rachou, em São Paulo, que trouxe o método para seu espaço de dança em 1993. Quatro anos depois, Elaine de Markondes começou os trabalhos em Curitiba, após participar de diversos cursos e workshops.
O crescimento da prática de Pilates foi tamanho no país que Denovaro notou a necessidade de unificar os profissionais de Pilates na Abrapi, sendo a primeira presidente da organização.
Criada nos moldes da associação americana Pilates Method Alliance, a Abrapi estabeleceu um parâmetro de qualidade para prática do Pilates, produzindo um guia próprio listando os 300 exercícios catalogados pelos discípulos diretos de Joseph Pilates, assim como sua nomenclatura.