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Assange dá primeira declaração após ser solto: "culpado de fazer jornalismo"

Fundador do WikiLeaks foi libertado em junho deste ano, após aceitar um acordo que resultou em uma única acusação de crime em troca do tempo que já havia cumprido

1 out 2024 - 10h55
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Julian Assange voltou aos holofotes nesta terça-feira (1), ao fazer seus primeiros comentários públicos desde sua libertação após fechar um acordo com os Estados Unidos. Ele afirmou que está livre porque assumiu a culpa de praticar jornalismo. Em uma visita à Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa (PACE) em Estrasburgo, Assange compartilhou detalhes sobre sua detenção, condenação e os impactos sobre os direitos humanos.

WikiLeaks posta foto de Julian Assange em avião após libertação dele de prisão no Reino Unido
WikiLeaks posta foto de Julian Assange em avião após libertação dele de prisão no Reino Unido
Foto: Reprodução/WikiLeaks / Perfil Brasil

O fundador do WikiLeaks, que tem 53 anos, usou esta oportunidade para alertar sobre as fragilidades das proteções ao jornalismo investigativo. "Quero ser totalmente claro: não estou livre hoje porque o sistema funcionou", disse Assange aos legisladores. "Estou livre hoje após anos de prisão porque me declarei culpado de jornalismo".

"Eu me declarei culpado de buscar informações de uma fonte, me declarei culpado de obter informações de uma fonte e me declarei culpado de informar ao público quais eram essas informações. Não me declarei culpado de mais nada", continuou Assange.

"Espero que meu depoimento hoje possa servir para destacar a fraqueza, as fraquezas das salvaguardas existentes, e para ajudar aqueles cujos casos são menos visíveis, mas que são igualmente vulneráveis", ele acrescentou. Assange também alertou que "a criminalização das atividades de coleta de notícias é uma ameaça ao jornalismo investigativo em todos os lugares".

"Fui formalmente condenado por uma potência estrangeira por pedir, receber e publicar informações verdadeiras sobre essa potência enquanto estava na Europa. A questão fundamental é simples: jornalistas não devem ser processados por fazerem seu trabalho. Jornalismo não é um crime. É um pilar de uma sociedade livre e informada".

Detenção de Julian Assange

Assange foi solto em junho deste ano, após aceitar um acordo que resultou em uma única acusação de crime em troca do tempo que já havia cumprido. Antes disso, ele passou cinco anos na Prisão de Belmarsh, uma unidade de alta segurança em Londres, que ele descreveu como uma "masmorra", e quase sete anos refugiado na embaixada equatoriana, tentando evitar sua extradição para os Estados Unidos.

Antes de seu acordo com o Departamento de Justiça dos EUA, o australiano enfrentava 18 acusações criminais relacionadas à disseminação de material confidencial e telegramas diplomáticos por sua organização, e uma sentença de prisão de 175 anos.

Em seu depoimento, Assange descreveu como está lidando com os desafios de se adaptar à vida fora da prisão. Ele mencionou que ainda está se acostumando a sons cotidianos, como os de carros elétricos, e que seu tempo de isolamento cobrou um preço alto em sua capacidade de se expressar publicamente. Ele está aprendendo a viver novamente como pai e marido, um processo que ele considera difícil, mas positivo.

Assange destacou que, apesar de sua libertação, sente que a justiça ainda está por ser completamente realizada. O acordo com os Estados Unidos inclui cláusulas que limitam sua capacidade de buscar reparação legal no Tribunal Europeu de Direitos Humanos. A situação exemplifica o que ele considera ser uma falha sistêmica na proteção dos direitos dos jornalistas.

Perfil Brasil
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