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Ataque a crianças no Iêmen provoca indignação internacional

29 crianças morreram; no total, houve ao menos 50 vitimas fatais e 77 feridos

10 ago 2018 - 09h54
(atualizado às 09h59)
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Secretário-geral da ONU pede inquérito para investigar ataque realizado por coalizão liderada pela Arábia Saudita. "Crianças não devem pagar o preço de uma guerra de adultos", afirma representante da Cruz Vermelha.A morte de 29 crianças após um ataque aéreo realizado pela coalizão liderada pela Arábia Saudita contra um ônibus no Iêmen, nesta quinta-feira (09/08), gerou indignação internacional. No total, o ataque deixou ao menos 50 mortos e 77 feridos.

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, pediu "um inquérito rápido e independente" para investigar o ocorrido e exortou todas as partes a esforçarem-se "em poupar os civis durante a realização de operações militares".

"Crianças não deveriam pagar o preço de uma guerra de adultos", disse Johannes Bruwer, chefe da delegação da Cruz Vermelha no Iêmen, que informou ainda que um hospital da organização na região recebeu 30 corpos e atendeu 48 feridos.

Ataque provocou a morte de 50 pessoas e deixou 77 feridos
Ataque provocou a morte de 50 pessoas e deixou 77 feridos
Foto: DW / Deutsche Welle

Henrietta Fore, chefe do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), também condenou o episódio. "O ataque horrível a um ônibus no Iêmen marca um ponto baixo na brutal guerra do país [...] Quantas crianças mais sofrerão ou morrerão antes que aqueles que podem agir façam algo para deter este flagelo?"

Os EUA, aliados da Arábia Saudita, também pediram que o ataque seja investigado, mas sem ressalva de que ele seja independente. Heather Nauert, porta-voz do Departamento de Estado americano, pediu que a coalizão liderada pelos sauditas conduza uma "minuciosa e transparente investigação sobre o incidente". Ela ainda solicitou que todos os atores na região "tomem medidas apropriadas para proteger civis".

A coalizão reconheceu ter feito um ataque aéreo que atingiu um ônibus, mas sustentou que o veículo não transportava crianças, mas sim "combatentes houthis", declarou à AFP o porta-voz da aliança, Turki al-Maliki.

Ele disse ainda que o episódio foi "uma ação militar legítima contra os elementos que planejaram e perpetraram o ataque contra civis na noite de ontem na cidade de Yazan", no qual, segundo ele, morreu um iemenita residente na Arábia Saudita e outras 11 pessoas ficaram feridas.

As disputas sectárias no Iêmen ganharam contorno de guerra civil em 2014, quando os houthis, apoiados pelo Irã, tomaram parte do norte e do oeste do país, incluindo a capital, Sanaa.

Desde 2015, a coalizão militar sunita liderada pela Arábia Saudita - e tacitamente apoiada pelo Ocidente - tenta derrotar os rebeldes xiitas para tentar trazer o governo, reconhecido internacionalmente, do presidente exilado Abd Rabbuh Mansur al-Hadi de volta ao poder. Os houthis controlam Sanaa e a maioria das áreas povoadas.

A coalizão árabe é alvo frequente de críticas internacionais devido a bombardeios que matam também civis.

Em três anos de guerra, mais de 10 mil pessoas morreram. O conflito danificou a infraestrutura e o sistema de saúde do país, que enfrenta atualmente a pior crise humanitária do mundo. Cerca de dois terços da população do Iêmen, de 27 milhões de pessoas, dependem de ajuda externa, e 8,4 milhões enfrentam risco de inanição.

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