Ataque a mercado de Natal de Magdeburg "não foi ato terrorista", diz procuradoria
Suspeito não possui vínculos com nenhuma organização terrorista e teria agido por conta própria. Atentado com automóvel deixou seis mortos e mais de 300 feridos em feira natalina da Alemanha, em dezembro de 2024.Em 20 de dezembro de 2025, um médico de 50 anos atirou-se com seu automóvel sobre uma feira de Natal em Magdeburg, no leste da Alemanha, causando seis mortes e ferindo mais de 300 feridos.
Nesta terça-feira (21/01), o procurador-geral da Alemanha, Jens Rommel, anunciou à emissora pública SWR que o caso não será investigado como um ataque terrorista.
O atentado se transformou em tema da disputa eleitoral no país antes das eleições gerais de fevereiro, com diferentes grupos políticos tentando instrumentalizar politicamente a tragédia, e desencadeou uma série de atos de violência contra imigrantes.
Rommel disse que o autor do ataque, um médico de origem saudita que se define como ex-muçulmano, provavelmente realizou o ataque movido por frustração pessoal, não o dirigindo contra a República Federal da Alemanha ou a ordem fundamental liberal-democrática.
O procurador-geral disse que, ao contrário do ataque a faca que deixou três mortos na cidade de Solingen, durante um festival de rua em agosto de 2024, o suspeito de Magdeburg não era vinculado a nenhuma organização, como o autoproclamado "Estado Islâmico" (EI), que assumiu a responsabilidade pelo esfaqueamento.
Dessa forma, o incidente deverá ser investigado por promotores estaduais, não pelo invés do Ministério Público Federal alemão, que lida com casos de terrorismo.
Rommel explicou que, para que um caso seja investigado como terrorismo "precisamos de um contexto específico de segurança de Estado. Isso significa que precisamos de um ataque ao Estado como um todo ou aos nossos princípios constitucionais". Em contrapartida, o ataque em Magdeburg teria sido direcionado contra o próprio mercado de Natal.
Logo após o atentado, as autoridades pediram que não houvesse especulações sobre as motivações do suspeito, devido a seu perfil complexo, atípico em relação a outros perpetradores de atos de violência em massa na Alemanha.
"Ex-muçulmano" e simpatizante da AfD
O suspeito, identificado pela imprensa alemã como Taleb A, declarou que havia renunciado ao islamismo e administrava um portal de internet que supostamente ajudava ex-muçulmanos a fugire, da perseguição em seus países de origem. Ao mesmo tempo, expressou simpatia pelo partido ultradireitista Alternativa para a Alemanha (AfD) e suas políticas anti-imigração.
Após a tragédia, a ministra do Interior da Alemanha, Nancy Faeser, disse estar claro que o suspeito tinha visões "islamofóbicas", mas ressalvou ser muito cedo para estabelecer uma ligação entre suas opiniões e a possível motivação para o ataque.
As autoridades foram criticadas por divulgar que o suspeito fora alvo de inúmeras denúncias desde 2013, várias delas vindas do governo da Arábia Saudita. A polícia do estado da Saxônia-Anhalt, onde se localiza Magdeburg, concluiu, após investigações, que qualquer ameaça de violência relacionada ao suspeito era "demasiadamente inespecífica".
O ministro da Justiça alemão, Volker Wissing, afirmou ao grupo de mídia Funke que, apesar das investigações sobre os comentários ameaçadores do suspeito, suas declarações políticas eram "tão confusas que ele não se encaixava em nenhum dos padrões das autoridades de segurança". A polícia da Saxônia-Anhalt, está encarregada de prosseguir com as investigações sobre o crime.
rc/av (ots)