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Bancos querem elevação do teto do consignado diante da alta da SELIC

Setor argumenta que, se o spread encolher demais, governo vai dar tiro no próprio pé

7 out 2024 - 22h19
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Aumento da SELIC pelo Banco Central gera demanda por correção dos juros do crédito consignado
Aumento da SELIC pelo Banco Central gera demanda por correção dos juros do crédito consignado
Foto: Dida Sampaio/ESTADAO / Estadão

A alta da Selic reacendeu o debate dos bancos com o governo sobre o teto de juros do crédito consignado para aposentados e pensionistas do INSS. Dessa vez, porém, a discussão vem com mais força e as instituições financeiras cobram nos bastidores uma elevação, já que, até aqui, o corte no teto vinha acontecendo sob o argumento da queda na Selic.

No último ano, o governo promoveu oito cortes no juro do teto do consignado, espremendo a margem de retorno do produto. Todas as reduções foram questionadas pelas instituições financeiras. Fontes do setor afirmam que a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e a Associação Brasileira de Bancos (ABBC), as duas principais entidades de representação do setor bancário, discutem como encaminhar a demanda, dado que o assunto é sensível politicamente. "O governo falou que a regra é função da Selic, agora estamos esperando pela elevação", disse uma fonte próxima ao assunto.

A avaliação é que o Ministério da Previdência, que determina as regras do consignado, não tem disposição política para elevar o teto. Por outro lado, os bancos consideram que a repercussão negativa de um pedido público para que o teto fosse elevado poderia prejudicar a discussão.

Procuradas, Febraban e ABBC não se manifestaram até o fechamento desta nota. "O problema é que se o spread encolher demais, os bancos começam a sair gradativamente da linha. Aí, o governo vai dar um tiro no pé", afirma uma fonte do setor.

Oferta Reduzida

O spread é a diferença entre os juros cobrados pelos bancos em empréstimos e as taxas que pagam para captar recursos de clientes ou do mercado. "Desde o início foi levado ao governo que o correto seria a correção com base na taxa futura de dois anos, já que esse é o prazo médio desse empréstimo. Não é possível estabelecer a taxa de juro do empréstimo baseado na Selic, porque o juro futuro pode estar maior ou menor", acrescentou outra fonte.

A margem dos bancos que fazem empréstimo consignado está em torno de 1,5% e, de acordo com outro interlocutor, isso já está reduzindo a oferta do produto, especialmente entre os clientes de idade mais elevada, dado o risco de inadimplência em decorrência de morte. Outra saída tem sido a redução da oferta através dos correspondentes bancários, para os quais os bancos têm de pagar comissões. Em algumas instituições, a oferta do consignado do INSS já caiu até 15%. O Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS) fez oito cortes no teto desde o ano passado, levando a taxa máxima de 2,14% ao mês para 1,66%, sob o argumento de que a queda da Selic permitia reduzir os juros.

Segundo os bancos, a melhor referência são os juros futuros de dois anos, que é o prazo médio dos empréstimos. A taxa futura não caiu na mesma magnitude que a Selic diante da percepção do mercado de que o governo Lula terá dificuldades para cumprir a regra fiscal nos próximos anos. Com isso, os bancos afirmam que houve uma compressão na rentabilidade que reduz o apetite pelo consignado do INSS. Neste ano, as concessões do produto sobem 57,4%, para R$ 72,5 bilhões, de acordo com o Banco Central.

A alta é contra uma base baixa de comparação: em março de 2023, as instituições, inclusive as públicas federais, suspenderam a oferta do produto após a primeira redução do teto de juros, de 2,14% para 1,70%, depois revertida. As concessões seguiram baixas nos meses seguintes.

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Estadão
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