Bangladesh fecha escritórios e impõe toque de recolher para conter protestos contra cotas de empregos
Soldados patrulharam neste sábado as ruas desertas da capital de Bangladesh, Daca, e o governo ordenou que todos os escritórios e instituições permaneçam fechados por dois dias, depois de pelo menos 114 pessoas terem morrido nesta semana durante protestos estudantis contra cotas de emprego no governo.
De acordo com dados de hospitais, pelo menos quatro pessoas morreram neste sábado em conflitos isolados em regiões de Daca, centro das manifestações e onde forças de segurança estabeleceram bloqueios nas vias com o objetivo de forçar um toque de recolher.
O governo da primeira-ministra Sheikh Hasina declarou o domingo e a segunda-feira como "feriados públicos" devido à situação do país, e apenas serviços de emergência poderão operar.
Autoridades já haviam fechado universidades e faculdades na quarta-feira.
Os conflitos começaram por causa da revolta estudantil contra cotas para empregos públicos, que incluem 30% delas reservadas para famílias daqueles que lutaram pela independência em relação ao Paquistão.
O governo de Hasina havia eliminado o sistema de cotas em 2018, mas um tribunal o restabeleceu no mês passado.
As manifestações -- as maiores desde que Hasina foi reeleita para um quarto mandato consecutivo este ano -- também foram alimentadas pelo alto índice de desemprego entre os jovens, que representam quase um quinto da população.
Os serviços de Internet e de mensagens de texto em Bangladesh foram suspensos desde quinta-feira, deixando o país isolado enquanto a polícia reprimia os manifestantes que desafiavam a proibição de reuniões públicas.