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Bastidores: No 'quartel' de Bolsonaro, cada general no seu quadrado

Os militares do quarto andar do Planalto estão hierarquicamente no mesmo nível e só obedecem o comandante em chefe: o presidente

18 fev 2020 - 09h55
(atualizado às 11h16)
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BRASÍLIA - O general Walter Braga Netto assume nesta terça-feira, 18, a chefia da Casa Civil com a missão de cobrar resultados de todos os ministérios e fazer o governo andar. Escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro para substituir Onyx Lorenzoni - que foi deslocado para o Ministério da Cidadania -, Braga Netto não terá, porém, voz de comando sobre seus pares no Palácio do Planalto. Ali, no núcleo duro do governo, predomina a máxima da caserna, onde cada um toma conta do seu "quadrado".

A partir de agora, o quarto andar do Planalto será ocupado apenas por ministros militares. Do lado de fora do gabinete presidencial, no entanto, a realidade é que nenhum general se subordina a outro. Braga Netto vai chefiar a Casa Civil; Augusto Heleno Ribeiro seguirá dando as ordens no Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e Luiz Eduardo Ramos, na Secretaria de Governo.

Embora ao longo da história a Casa Civil tenha sido sempre considerada o ministério mais poderoso, para os militares isso não é assim. Na nova configuração do Planalto, os generais estão hierarquicamente no mesmo nível e só obedecem o comandante em chefe: o presidente, que, por sinal, é capitão.

Com o Planalto agora dominado pela cultura dos quartéis, a principal diferença que se espera ver, após a saída de Onyx e a chegada de Braga Neto para seu lugar, é que um ambiente mais desanuviado, até mesmo de camaradagem, substitua a zona de confronto permanente, pondo fim às disputas políticas. Ninguém manda em ninguém. Só Bolsonaro manda em todos.

Braga Netto assume com a missão de dar um "choque de gestão na Esplanada", cobrar a execução de programas importantes e caros para o governo, como o Minha Casa, Minha Vida, e ações especiais para o Nordeste, até hoje um reduto do PT, neste ano eleitoral.

Bolsonaro se queixa de estar sobrecarregado e reclama de que todos os problemas da Esplanada são levados diretamente a ele por absoluta falta de coordenação da gestão. Na avaliação de interlocutores do presidente, Onyx - que é um político tradicional do DEM - estava mais preocupado com sua sobrevivência política do que em administrar e cobrar ações dos ministros. A intenção do presidente, ao escalar Braga Netto para a função, é só "entrar em campo" na hora de decidir.

Com a "arrumação da casa" nas mãos do general, Bolsonaro espera ter mais tempo para cuidar do seu futuro político e dar atenção a projetos do governo que podem servir de vitrine para sua eventual campanha à reeleição.

Outra medida para desafogar o presidente foi a nomeação do vice-almirante Flávio Rocha na Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE). Seu objetivo é ajudar na coordenação do governo, além de pensar ações estratégicas que o governo poderá tocar a médio e longo prazo. Possivelmente, para eventual segundo mandato de Bolsonaro.

Estadão
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