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Bento 16 nega coautoria de livro que aborda celibato na Igreja

14 jan 2020 - 14h14
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Secretário de papa emérito diz que ex-pontífice "nunca aprovou nenhum projeto de livro com assinatura dupla". Coautor publica cartas trocadas com Bento e afirma que ele conhecia conteúdo e data da publicação.Bento 16 pediu que o seu nome seja retirado como coautor de um livro polêmico contra a flexibilização do celibato entre os padres, afirmou nesta terça-feira (14/01) o secretário particular do papa emérito, Georg Gänswein.

"Posso confirmar que esta manhã, por indicação do papa emérito, pedi ao cardeal Robert Sarah [coautor da obra] que contatasse os editores do livro, pedindo que removessem o nome de Bento 16", disse Gänswein.

O secretário de Bento 16 explicou que o papa emérito sabia que o cardeal estava preparando um livro e lhe enviara o seu texto sobre o sacerdócio, autorizando-o a usá-lo, mas que o ex-pontífice "nunca aprovou nenhum projeto de livro com assinatura dupla" com o cardeal Robert Sarah e que também "não tinha visto nem autorizado a capa".

O cardeal guineense Robert Sarah, prefeito da Congregação para o Culto Divino, se defendeu, afirmando que as alegações de que a publicação do livro se daria sem o consentimento de Bento 16 são "extremamente desprezíveis".

Ele também publicou uma troca de cartas com o ex-pontífice alemão, afirmando que o papa emérito conhecia a existência do volume, conteúdo e data da publicação. Mais tarde, Sarah escreveu no Twitter que agora o título do livro deve trazer a observação "com uma contribuição de Bento 16".

A polêmica surgiu no domingo, quando foi anunciado o lançamento de um novo livro assinado por Bento 16 e Robert Sarah, figura de destaque da ala conservadora da Igreja Católica, que tem uma posição critica em relação ao papa Francisco.

O livro tem lançamento previsto para esta quarta-feira, pela editora Fayard, sob o título Des profondeurs de nos coeurs (Do fundo dos nossos corações, em tradução livre).

A notícia da publicação vem num momento em que o papa Francisco prepara sua exortação apostólica após o Sínodo para a Amazônia. Nela, o pontífice deve anunciar sua decisão sobre a proposta de possibilitar a ordenação de padres casados na Amazônia.

Em outubro passado, durante o Sínodo para a Amazônia, realizado em Roma, bispos católicos recomendaram a medida como solução para enfrentar a escassez de clérigos na região.

Para o arcebispo Gänswein, atual prefeito da Casa Pontifícia, o que ocorreu "foi um mal-entendido, sem questionar a boa fé do cardeal Sarah".

Bento 16, de 92 anos, anunciou sua renúncia em 2013, prometendo silêncio e obediência ao sucessor. Ele foi o primeiro papa a fazê-lo desde a Idade Média. Ao se retirar, ele inicialmente se impôs a uma vida de contemplação e calma, mas posteriormente começou a se expressar cada vez mais abertamente sobre questões-chave da Igreja Católica.

Incorporando quase duas dezenas de ritos diferentes, a Igreja Católica já permite padres casados nas igrejas de rito oriental e em casos em que os sacerdotes anglicanos previamente casados se convertem à Igreja.

MD/dpa/lusa/ap

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