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Bolsonaro admite que Silveira falou 'absurdos', mas reclama de pena

Presidente diz que alguns ministros do Supremo cometeram excesso e alega que não quis 'peitar' a corte com o perdão a Daniel Silveira

29 abr 2022 - 12h12
(atualizado às 12h53)
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Menos de 24 horas depois da decisão do STF, o presidente Jair Bolsonaro saiu em defesa do deputado Daniel Silveira e editou um inédito decreto que concedeu perdão da pena imposta por dez dos 11 ministros da Corte.
Menos de 24 horas depois da decisão do STF, o presidente Jair Bolsonaro saiu em defesa do deputado Daniel Silveira e editou um inédito decreto que concedeu perdão da pena imposta por dez dos 11 ministros da Corte.
Foto: Reprodução/Facebook / Estadão

BRASÍLIA - Depois de uma semana de reiterados ataques à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente Jair Bolsonaro negou que o perdão concedido ao deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ) seja vontade de "peitar" a Corte. Bolsonaro reclamou do tamanho da pena imposta ao deputado bolsonarista e admitiu que o aliado falou "coisas absurdas".

"Não quero peitar o Supremo, dizer que sou mais importante, tenho mais coragem, longe disso. Eu duvido que no fundo, não vou dizer todos, a grande maioria dos ministros não entenda que houve um excesso [na condenação de Silveira]", disse o presidente, em entrevista a uma rádio do Mato Grosso. "Não se discute que houve excesso por parte do STF. Um deputado, por mais que tenha falado coisas absurdas - ninguém discute isso, foram coisas absurdas - a pena não pode ser oito anos e nove meses em regime fechado, perda de mandato", acrescentou.

Bolsonaro também saiu em defesa do ministro André Mendonça, indicado por ele ao STF, criticado por bolsonaristas por ter votado pela condenação de Silveira, um aliado do governo. "André Mendonça foi criticado, bastante criticado, mas aos poucos o pessoal vai entendendo o que realmente aconteceu naquela sessão. André Mendonça é pessoa de princípios, família, conservador. Está ao lado do Brasil e do povo", declarou o presidente na entrevista.

Bolsonaro afirmou ainda que o senador Romário (PL-RJ) tem "prioridade" para ser candidato à reeleição. A declaração vem no momento em que o palanque governista no Estado pode sofrer uma "bola dividida", com o deputado Daniel Silveira igualmente interessado na vaga.

Silveira, no entanto, é considerado inelegível pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). De acordo com o magistrado, o perdão concedido por Bolsonaro, menos de 24 horas após o parlamentar ser condenado à prisão, livra Silveira da cadeia, mas não devolve a ele o direito de sair candidato nestas eleições.

Já o deputado bolsonarista tem afirmado que, à luz da lei, está em condições de disputar uma vaga no Senado neste ano, justamente por ter recebido o perdão presidencial. O caso deverá ser analisado na Justiça.

"Quando se fala em Senado, temos dois Estados, Rio de Janeiro e Mato Grosso, que nossos senadores são do PL. Então, obviamente é Wellington aí [no MT], Romário no Rio de Janeiro. Eles têm prioridade e o direito de concorrer à reeleição", declarou Bolsonaro em entrevista à Rádio Metrópole, de Cuiabá (MT).

O presidente declarou ainda que a legislação ambiental é um problema. A política ambiental do governo federal tem um histórico de críticas, inclusive internacionais. Nesta semana o STF, anulou decretos de Bolsonaro na área ambiental.

"Você tem que preservar o meio ambiente, tudo bem, mas licenças não podem se arrastar por anos ou até mesmo inviabilizar uma obra que vai trazer bem estar para todos aí", declarou o presidente. "Problemas temos. Legislação ambiental, problemas que essas horas são judicializadas, mas a gente espera e pede a Deus que ilumine a cabeça de todos", acrescentou.

Estadão
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