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Bolsonaro critica Moro: "Tem compromisso com o próprio ego"

Presidente convocou coletiva sobre a saída do ministro da Justiça e Segurança Pública e partiu para o ataque contra o ex-juiz

24 abr 2020 - 17h14
(atualizado às 17h50)
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O presidente Jair Bolsonaro atacou, em pronunciamento oficial na tarde desta sexta-feira (24), o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro. "Sabia que não seria fácil. Uma coisa é você admirar uma pessoa, outra é conviver, é trabalhar com ela. Eu disse a ministros: 'Hoje vocês conhecerão aquela pessoa que tem o compromisso consigo próprio, com seu ego e não com o Brasil'", disse Bolsonaro, que ainda afirmou que o ex-ministro mentiu durante a coletiva em que anunciou sua demissão.

O presidente Jair Bolsonaro
O presidente Jair Bolsonaro
Foto: fdr

A exemplo de Moro, Bolsonaro iniciou seu pronunciamento relembrando o histórico entre os dois. O presidente contou que "ficou triste" ao ser ignorado por Moro em uma lanchonete, na primeira vez que os dois se conheceram, mas que depois recebeu uma ligação do magistrado. Ele ainda alega que não aceitou uma visita de Moro quando estava no hospital após sofrer uma facada durante um comício em Juiz de Fora (MG). "Não queria que ele participasse da minha campanha", declarou. 

Ao falar sobre a nomeação de Moro, Bolsonaro declarou que prometeu "autonomia, mas não soberania" ao ministro e disse que foi o ex-magistrado o responsável por indicar os chefes da pasta. "Estranhei que eram todos de Curitiba, mas confiei", disse. "A impressa já noticiou que eu estaria atrapalhando investigações de corrupção", continou Bolsonaro, que teorizou que a diminuição nas operações da Polícia Federal se devem à saída de outros políticos do poder. "Eu estou lutando contra o sistema, contra o stablishment. Coisas que aconteciam no Brasil, não acontecem mais e grande parte pela minha coragem de indicar um grande time de ministros", declarou.

"Ao prezado ex-ministro Sergio Moro: o senhor disse que tinha uma biografia a zelar, eu digo a vossa senhoria que eu tenho um Brasil a zelar. Mais que a vida à minha pátria eu tenho dado, eu tenho dado o desconforto da minha família", disse Bolsonaro.

Sobre a demissão de Valeixo, "Falava-se em interferência minha na Polícia Federal. Oras, se eu posso trocar um ministro, por que não posso trocar um diretor da Polícia Federal?", questionou. "A PF de Sergio Moro mais se preocupou com Marielle do que com seu chefe supremo", atacou Bolsonaro, lembrando novamente do atentado que sofreu. "Quem mandou matar Jair Bolsonaro?", perguntou. 

"Esqueçam o que disse a imprensa. Ontem o senhor Valeixo disse que queria deixar a Polícia Federal desde janeiro, os superintendentes são a prova disso", disse Bolsonaro, contrariando as afirmações de Moro, que alegou mais cedo que o diretor-geral da PF não queria sair do cargo. "O que nós queremos da Polícia Federal? Que elas sejam usadas em sua plenitude e que as operações sejam mantidas ou até potencializadas", declarou, novamente indo de encontro à fala do ex-ministro, que alegou que o presidente quis interferir em determinadas investigações.

"Conversei sozinho com Moro ontem. Eu sempre abri o coração pra ele, mas tenho dúvidas se ele abriu o coração pra mim", confessou o presidente. " Eu sempre cobrei mais informações sobre a Polícia Federal, mas inteligência, com ele, perdeu espaço na Justiça". Novamente acusando Moro de mentir, Bolsonaro afirmou que a exoneração de Valeixo seria publicada na Diário Oficial da União. O ministro disse que só ficou sabendo da saída pelo próprio DOU. "Ele disse que o substituto teria que ser um nome dele e eu questionei. A dia que eu tiver que me curvar a um subordinado meu eu deixo a Presidência da República", continou Bolsonaro

Bolsonaro ainda acusou Moro de liberar a saída do diretor da PF caso ganhasse uma indicação para o STF: "O senhor pode tirar o Valeixo, sim, mas em novembro, depois que me indicar para o Supremo Tribunal Federal", apontou. Depois, voltou a atacar a atuação da PF no caso Marielle. Também voltou a atacar a imprensa por matérias que descobriram crimes da mãe a do avó de sua esposa, Michelle Bolsonaro. "Pra que divulgar isso?", perguntou. 

O presidente foi catégorico ao afirmar que não pediu para investigações contra seus filhos serem interrompidas. "Nunca pedi para blindar alguém da minha família. Jamais faria isso. Agora, eu lamento que aquela pessoa que mais tinha que me defender, não o faz", disse, se refererindo a Moro. Ele ainda chamou o ex-ministro da "lamentavelmente desarmamentista". "Os ministros têm obrigação de estarem junto comigo", finalizou. 

Bolsonaro afirmou que não tem mágoa de Moro, mas voltou a dizer que o ministro o quer "fora da cadeira presidencial". "Torci muito para dar certo. Eu sempre fui do diálogo, mas ele resolveu marcar uma coletiva e fez acusações infundadas", disse. "Estou decepcionado com o seu comportamento. Meu compromisso é com a verdade. Desculpe senhor ministro, o senhor não vai me chamar de mentiroso", encerrou o presidente.

Fonte: Redação Terra
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