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Não cabe a Moro destruir material de hackers, diz Bolsonaro

'Moro não fará nada que a lei não o permita fazer', disse o presidente, em defesa do ministro da Justiça

27 jul 2019 - 13h18
(atualizado às 13h30)
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Foto: Lucas Rezende / Futura Press

O presidente Jair Bolsonaro reforçou neste sábado, 27, seu apoio ao ministro da Justiça, Sergio Moro, mas disse que a decisão sobre uma possível destruição de materiais obtidos pelo inquérito da Polícia Federal que investiga a invasão de celulares de autoridades por hackers não cabe ao ex-juiz.

"A decisão de possível destruição (dos materiais apreendidos) não é dele (Moro)", disse Bolsonaro a jornalistas, após participar de cerimônia na Vila Militar, em Deodoro, zona oeste do Rio. "O Moro não fará nada que a lei não o permita fazer. Agora, foi uma invasão criminosa", completou.

Bolsonaro voltou a dizer que estava tranquilo com a possível invasão de seu telefone porque não havia nada de reservado ou confidencial em suas conversas telefônicas.

"Invadir a privacidade das pessoas, quebrar sigilo sem autorização judicial também é crime. E ao quebrar sigilo sem autorização judicial privilegiar um órgão de imprensa também é crime. Publicar informações mentirosas e depois mesmo sabendo que foram mentirosas não se retratar é um crime também", defendeu o presidente.

Bolsonaro disse que confia 100% em Moro, negou que a permanência do ex-juiz no cargo de ministro da Justiça possa estar sob risco e defendeu o desempenho ele quando esteve à frente dos julgamentos da Operação Lava Jato em Curitiba.

"Tem que botar pra fora mesmo", diz Bolsonaro

Bolsonaro defendeu a portaria publicada esta semana por Moro que permite a deportação "sumária" de estrangeiros considerados "perigosos". O presidente, porém, negou que a medida tenha ligação com o jornalista americano Glenn Greenwald, um dos fundadores do site The Intercept Brasil, que vem publicando supostos diálogos entre Sergio Moro e procuradores da Lava Jato em Curitiba, como Deltan Dallagnol.

"Pelo que o Moro falou comigo, ele tem carta branca, né, eu teria feito um decreto. Tem que botar pra fora mesmo, quem não presta tem que mandar embora. Tem nada a ver com o caso desse Green-não-sei-o-quê aí (Glenn Greenwald), nada a ver com o caso dele. Tanto é que não se encaixa nessa portaria o crime que ele está cometendo. Até porque ele é casado com outro homem e tem meninos adotados no Brasil. Malandro, pra evitar um problema desse, né, casa com outro malandro ou não casa, ou adota criança no Brasil", comentou Bolsonaro.

O presidente ainda ironizou que o americano não seria deportado, mas poderia ir parar na prisão aqui no Brasil.

"Ele não vai embora. O 'Green' pode ficar tranquilo. Talvez pegue uma 'cana' aqui no Brasil, não vai pegar lá fora não", afirmou.

Mais cedo, o presidente defendeu que "publicar informações mentirosas e depois mesmo sabendo que foram mentirosas não se retratar é um crime também", em referência ao caso da investigação sobre a suposta invasão de hackers a dados de aparelhos celulares de autoridades do País.

A portaria de Moro prevê que estão sujeitos ao "rito sumário de expulsão" estrangeiros suspeitos de terrorismo, de integrar grupo criminoso organizado ou organização armada e pessoas acusadas de traficar drogas, pessoas ou armas de fogo.

Bolsonaro corroborou que estrangeiros suspeitos de cometer crimes sejam deportados, mesmo que os supostos crimes não tenham sido comprovados judicialmente.

"Eu não sou xenófobo, mas na minha 'casa' entra quem eu quero", disse. "É suspeito apenas, sai daqui. Já tem bandido demais no Brasil. O sentimento dele é o meu, parabéns ao Moro pela portaria", declarou o presidente.

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Estadão
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