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Bolsonaro e Abdo exaltam laços comerciais e "sintonia de valores"

12 mar 2019 - 21h55
(atualizado em 13/3/2019 às 05h49)
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Presidente diz ter muitos pontos em comum com líder do Paraguai, também direitista e de formação militar. Em encontro em Brasília, eles reforçam cooperação bilateral e reafirmam compromisso com a democracia na Venezuela.O presidente Jair Bolsonaro recebeu nesta terça-feira (12/03) o presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, para uma reunião no Palácio do Planalto, na qual foram tratados temas como as relações comerciais entre os dois países, a cooperação no combate ao crime e a crise na Venezuela.

Os dois líderes tiveram um encontro privado durante a manhã e depois participaram de uma reunião ampliada com a presença de ambas as delegações, incluindo ministros.

Em seguida, fizeram um pronunciamento à imprensa ressaltando pontos em comum entre os dois. Tanto Bolsonaro como Abdo têm passado militar, tendo ambos atuado como paraquedistas, além de compartilharem de visões políticas semelhantes, já que lideram governos de direita e defendem pautas conservadoras.

"Meu irmão Marito, temos muita coisa em comum: a política e também no tocante a costumes, valores familiares, queremos o Brasil e o Paraguai fortes e pujantes e estamos tratando de questões de interesses dos nossos países para que juntos possamos sim progredir e trazer felicidade para nossos povos", declarou Bolsonaro.

Eles também enalteceram os laços comerciais entre os dois países. "O Paraguai tem uma economia que se complementa com a economia brasileira, como países que possamos desenvolver mutuamente gerando produtividade", afirmou Abdo.

Segundo uma declaração conjunta após o encontro, os presidentes "ressaltaram o excelente momento em que se encontram as relações entre Brasil e Paraguai e expressaram sua mais firme vontade em avançar na realização de projetos comuns e ações conjuntas com vistas a consolidá-las ainda mais em benefícios de seus povos".

Bolsonaro e Abdo também discutiram a revisão de cláusulas financeiras de um contrato da Usina Hidrelétrica Binacional de Itaipu, o Anexo C do Tratado de Itaipu, que vence em 2023.

"Hoje tocamos em pontos que trazem desafios para a nossa relação, como Itaipu. Seja qual for o processo da negociação, estou seguro que, assim como foi no início, vai seguir sendo benéfica para ambos os povos, fortalecendo nossa conectividade", disse o paraguaio.

Segundo a declaração conjunta, ambos concordaram "que as futuras negociações com vistas à revisão do Anexo C do Tratado de Itaipu devem orientar-se pelo mesmo espírito de entendimento construtivo que tem caracterizado esse importante projeto binacional".

A usina é recordista mundial de geração de energia. Cada país tem direito a metade da energia produzida por ela, mas o Paraguai usa apenas cerca de 15% do total. Pelo tratado, o Brasil tem preferência de compra da energia excedente dos paraguaios.

Esse é um dos termos que o governo paraguaio quer rever na negociação, para que o país tenha mais autonomia sobre sua energia excedente, abrindo a possibilidade, por exemplo, de vender para outros países ou ainda de colocar no livre mercado do Brasil.

Os presidentes também conversaram sobre a construção de mais duas pontes entre o Brasil e o Paraguai, que devem custar cerca de 70 milhões de dólares cada uma.

Um das pontes será construída sobre o rio Paraná e ligará a cidade paranaense de Foz do Iguaçu à cidade paraguaia de Puerto Presidente Franco. A outra ponte, sobre o rio Paraguai, ligará a cidade de Porto Murtinho, no Mato Grosso do Sul, a Carmelo Peralta, no Paraguai.

Bolsonaro e Abdo ainda reafirmaram a importância da cooperação bilateral no combate ao crime organizado transnacional e prometeram elevar os contatos entre as suas autoridades de segurança e inteligência na tentativa de eliminar as organizações criminosas que atuam em ambos os países.

Em pronunciamento à imprensa, o presidente brasileiro destacou que seu governo "não dará asilo a terroristas ou a qualquer outro bandido escondido no manto de preso ou refugiado político".

Em contrapartida, "Bolsonaro agradeceu o empenho demonstrado pelas autoridades paraguaias em dar maior celeridade aos trâmites de expulsão daquele país de criminosos brasileiros de alta periculosidade e de sua entrega à Polícia Federal brasileira", diz a nota conjunta.

Apoio à oposição na Venezuela

Ambos aproveitaram para discutir a crise na Venezuela, reiterando seu apoio ao líder oposicionista Juan Guaidó, que se autoproclamou presidente interino venezuelano em janeiro e foi reconhecido por dezenas de países.

Eles afirmaram que estão "unidos pela liberdade da Venezuela" e que continuarão empenhados no restabelecimento da "democracia" nesse país. "Nem o Brasil nem o Paraguai se mantiveram indiferentes ante o sofrimento de um povo, como o povo irmão da Venezuela. Hoje é a Venezuela, e amanhã pode ser qualquer nação", disse Abdo.

O presidente paraguaio também afirmou que é necessário "fortalecer as instituições" na América do Sul para que "as democracias possam prosperar" e para evitar que a região seja um "terreno fértil para o populismo e para a demagogia".

A declaração conjunta acrescenta que os líderes "constataram a sintonia de visões, ideais e valores entre Brasil e Paraguai a respeito dos esforços conjuntos para a promoção da vigência do Estado de Direito e da democracia na América do Sul".

Ainda segundo a nota, Bolsonaro e Abdo "reiteraram seu firme compromisso de continuar apoiando o povo venezuelano e o governo do presidente Juan Guaidó no processo de transição rumo ao restabelecimento da democracia na Venezuela".

Essa é a segunda visita oficial de um chefe de Estado desde a posse de Bolsonaro, que já havia recebido o presidente argentino, Mauricio Macri, em 16 de janeiro. O brasileiro aceitou um convite de Abdo para visitar o Paraguai, mas a data ainda não foi definida.

EK/abr/afp/efe/ots

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