Bolsonaro também foi alvo de hackers, diz ministério
Quatro pessoas foram presas na terça suspeitas de invadirem celular de Moro, Dallagnol e outros
O grupo hacker preso na terça-feira, 23, atacou celulares do presidente da República, Jair Bolsonaro. A informação foi transmitida pela Polícia Federal ao Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) e já foi encaminhada ao presidente. Quatro pessoas presas sob suspeita de invasão de celular de até 1.000 autoridades estão custodiadas em Brasília.
Na nota, o MJSP diz que, segundo a PF, "aparelhos celulares utilizados pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, foram alvos de ataques pelo grupo de hackers preso na última terça feira (23)". "Por questão de segurança nacional, o fato foi devidamente comunicado ao presidente da República", acrescenta a nota (leia na íntegra abaixo), que não informa se foi extraído conteúdo de conversas de aparelhos do presidente.
Segundo o Estado apurou, a informação foi transmitida pelo ministro da Justiça, Sergio Moro, a Bolsonaro em uma reunião na manhã desta quarta-feira. O ministro colocou a situação como gravíssima. A PF está aprofundando as investigações para ver a extensão dos ataques criminosos.
O Estado adiantou nesta quinta que Bolsonaro poderia estar entre os alvos do grupo hacker. Apesar de a nota não dizer quando os celulares de Bolsonaro foram alvos de ataque, a reportagem confirmou, em seguida, com o próprio ministério, que as ações de hackers se deram em um período em que ele já estava na Presidência da República.
O ministério da Justiça ainda não tem a confirmação sobre se o conteúdo dos celulares do presidente chegou a ser extraído pelos hackers. Ao menos dois aparelhos celulares foram alvo dos ataques.
A investigadores da Operação Spoofing, Walter Delgatti Neto, o "Vermelho", um dos presos, afirmou ter dado ao jornalista Glenn Greenwald acesso a informações capturadas do aplicativo Telegram, revelou o Estado nesta quinta. A defesa do jornalista, fundador do site The Intercept Brasil, disse, em nota, que "não comenta assuntos relacionados à identidade de suas fontes anônimas".
A Polícia Federal tem indícios de que os quatro suspeitos presos são os mesmos que acessaram conversas trocadas pelo Telegram de altas autoridades dos Três Poderes, entre elas o ministro da Justiça, Sérgio Moro; procuradores da Lava Jato; o ministro da Economia, Paulo Guedes; e a líder do governo Bolsonaro no Congresso, Joice Hasselmann (PSL-SP). As provas foram encontradas em perícias, buscas e apreensões e baseadas em depoimentos dos presos realizados nesta terça.
O The Intercept Brasil tem divulgado desde 9 de junho mensagens trocadas entre Moro e procuradores da Lava Jato, relativas ao período em que ele era juiz do caso em Curitiba. O site sustenta que recebeu o conteúdo de fonte anônima. A informação de que Walter "Vermelho" relatou ter contato com Greenwald foi confirmada ao Estado por duas altas fontes da operação. Segundo elas, o hacker disse conhecer o jornalista. A reportagem não conseguiu confirmar se presencialmente ou se eles teriam tido apenas contato virtual.