Bolsonaro volta a criticar Luciano Huck por compra de jato
Em entrevista, Angélica, mulher do apresentador, havia dito que eventual candidatura do marido 'é uma espécie de chamado'
O presidente Jair Bolsonaro voltou a criticar o apresentador Luciano Huck por uso dos recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para a compra de um jato particular.
Em participação por vídeo conferência no 3º Simpósio Conservador de Ribeirão Preto, Bolsonaro fez referência a um empréstimo de R$ 17,7 milhões feito por Luciano Huck no BNDES em 2013, para a compra de uma aeronave particular da Embraer. Os empréstimos eram parte de um programa do banco destinado a financiar investimentos de empresas, chamado Financiamento de Máquinas e Equipamentos (Finame) usado para a compra da aeronave.
"Alguém quer um dinheiro do BNDES pagando 4% aí? Ele diz aqui que está viajando o Brasil. Obviamente, viajando o Brasil com o (inaudível) BNDES. Alguém acha que o povo vai mandar no pau mandado da Globo, mas não estamos aqui fazendo campanha. É um direito dele", afirmou Bolsonaro.
O Estado mostrou que o nome de Luciano Huck é peça central na articulação de um grupo de políticos, economistas e representantes de movimentos de renovação para a construção de uma alternativa de centro diante do cenário de polarização da política nacional.
Em entrevista à revista Marie Claire, a apresentadora Angélica, mulher de Huck, afirmou que uma eventual candidatura do marido para a Presidência da República é um "chamado". "Não posso dizer que acho muito legal Luciano sair candidato, não seria verdade, mas tem uma hora que você não está mais no controle. É uma espécie de chamado", disse.
Lei de Abuso
Bolsonaro disse ainda neste sábado, 5, que não vai questionar a derrubada dos vetos da Lei de Abuso de Autoridade no Supremo Tribunal Federal (STF), pois os poderes da República são independentes. O evento conta com a participação de congressistas, como as deputadas federais Joice Hasselmann (PSL-SP) e Bia Kicis (PSL-DF).
"Eu vetei grande parte da Lei de Abuso de Autoridade. O Parlamento derrubou o veto. Essa lei entra em vigor a partir do ano que vem. Lei é lei. Tem gente questionando agora, via ações de inconstitucionalidade, o STF. Eu não pretendo questionar", disse.
Durante a videoconferência, o presidente também negou ter criticado a informação de que o Supremo tentaria validar juridicamente as mensagens do aplicativo Telegram envolvendo integrantes da Operação Lava Jato. "Eu não critiquei o STF. Não critico o presidente Dias Toffoli, não critico Rodrigo Maia, não critico Davi Alcolumbre, do Senado. Nós somos poderes independentes. A regra do jogo é essa. O que o Supremo decidir, eu tenho que cumprir. O que o Congresso votar, eu tenho o poder de vetar. Se o Parlamento derrubar o veto, são eles e não se discute mais. Eu não crio atrito."
Pacote anticrime
Bolsonaro também falou sobre a campanha para divulgar o pacote anticrime, principal bandeira do ministro da Justiça, Sérgio Moro. Ele afirmou que peças publicitárias podem ser suspensas por conta de uma liminar impetrada pela oposição. "A esquerda empilha você de processo e você tem que responder o tempo todo. Por exemplo, está vindo um processo que está chegando a minha mesa que eu vou ter que suspender com o Sérgio Moro a propaganda da Lei Anticrime. Vamos ver quais são os argumentos, mas chegando a liminar imediatamente vai suspender isso aí", afirmou o presidente.
A campanha publicitária é uma tentativa de salvar a discussão do pacote na Câmara que resiste a parte das mudanças propostas. Moro tem se reunido com o presidente da Casa, Rodrigo Maia, para discutir a melhor estratégia. Os dois se encontraram na semana passada e a intenção é incluir o projeto na pauta do plenário nas próximas semanas.
Pressionado por Moro no início do ano para acelerar a votação do pacote, Maia chegou a desmerecer o projeto ao dizer se tratar de um "copia e cola" de outra proposta já apresentada na Câmara, formulada com ajuda do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Na semana passada, após a reunião com Moro, o presidente da Câmara voltou a pedir "cautela" com o projeto e disse ser contrário ao trecho que trata do excludente de ilicitude.