Brasil é líder na América Latina em ranking de inovação
Apesar da liderança na América Latina, o país ocupa o 49º lugar entre todas as nações avaliadas. Relatório menciona que o Brasil tem potencial para ir ainda mais longe no ecossistema de inovação. Especialista vê débito tecnológico como um dos obstáculos
O Brasil superou o Chile e agora ocupa o posto de país mais inovador da América Latina, revela a edição 2023 do ranking Global Innovation Index (GII). A pesquisa avaliou 132 nações do mundo inteiro, levando em conta quesitos como investimentos em educação, desenvolvimento tecnológico, infraestrutura e políticas de empreendedorismo.
Em nível mundial, o Brasil ficou em 49º, subindo cinco posições em relação ao ranking de 2022. Essa ascensão foi destacada pelo relatório do GII, que mencionou o fato de as 16 empresas unicórnio (startups avaliadas em mais de 1 bilhão de dólares) do país representarem 1,9% do PIB nacional em 2023. A liderança é da Suíça, seguida, respectivamente, pela Suécia e Estados Unidos. Já a última posição ficou com Angola, que teve a menor pontuação.
O relatório também reproduziu uma análise do presidente da Confederação Nacional das Indústrias (CNI), Robson Braga de Andrade, segundo a qual o Brasil "tem muito potencial inexplorado para melhorar seu ecossistema de inovação".
Débito tecnológico é um obstáculo em busca da inovação
Diante da percepção de que o Brasil pode ir além na inovação, Tiago Oliveira, gerente de projetos da Globalweb Corp (empresa especializada em tecnologia da informação), explica a importância de saber utilizar os recursos à disposição. Na sua visão, muitos negócios sofrem de algo chamado "débito tecnológico".
"O débito tecnológico pode ocorrer de diversas formas, mas geralmente está relacionado a dois aspectos principais: os investimentos inadequados e o uso insuficiente da tecnologia adquirida", explica. "Tais investimentos são feitos sem um planejamento adequado com o intuito de atualizar a TI [tecnologia da informação] a qualquer custo, buscando soluções baratas."
Em outras palavras, é como se uma empresa adquirisse um software sem saber como incluí-lo na rotina do negócio, sem treinar funcionários para usá-los e tendo de lidar, ainda, com custos "surpresa" devido à falta de planejamento e conhecimento.
"É compreensível a preocupação em estar entre as empresas e corporações que inovam e utilizam recursos de ponta, mas investir em tecnologia é apenas o primeiro passo. Garantir o uso eficaz dessas ferramentas é igualmente importante", ressalta o especialista.
Para Oliveira, o débito tecnológico ‒ que gera desperdício de dinheiro, desgaste interno e perda de oportunidades ‒ pode ser evitado com atitudes que melhorem os processos de tomada de decisão nos negócios. O primeiro passo é fazer um levantamento dos principais problemas de tecnologia diretamente com quem faz uso dela. Por exemplo, ouvir a equipe sobre as principais dificuldades no manejo de uma plataforma de gestão.
Trabalhar ao lado dos líderes de cada área afetada e da equipe de TI também é visto como essencial, segundo Oliveira. "A empresa pode promover uma campanha de sugestões de melhorias, na qual o que for pertinente a essas situações deve ser conduzido com a participação dos colaboradores que sugeriram", pontua. "É importante realizar uma categorização das ideias levantando os requisitos e os custos para a aplicação."
Tendo bem delimitado o que se pretende implantar, Oliveira recomenda que empreendedores e gestores elaborem um cronograma de ações e elejam uma pessoa para liderar a implementação da nova tecnologia. Outro ponto relevante, segundo ele, é desenvolver procedimentos e treinamentos para a equipe.
"Todas essas ações são fortes armas contra o débito tecnológico e, principalmente, contra a dificuldade de lidar com expectativas de redução de custos e avanços tecnológicos sem ter uma base organizada e sem um bom plano de TI", sintetiza.
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