Brasil vai voltar a comprar energia da Venezuela
Esse fornecimento havia sido interrompido nos primeiros meses da gestão de Jair Bolsonaro (PL), em 2019
Um decreto assinado hoje (4) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, permitirá que o Brasil volte a comprar energia de Venezuela, fornecida pela usina de Guri. Esse fornecimento havia sido interrompido nos primeiros meses da gestão de Jair Bolsonaro (PL), em 2019.
O documento amplia as possibilidades de intercâmbio de energia elétrica com países que fazem fronteira com o Brasil.
A conexão entre os países poderá ser mais explorada em breve, favorecendo, principalmente, o atendimento eletroenergético do estado de Roraima, conforme declarou o Governo Federal. "O decreto permitirá realizar contratos para trazer energia limpa e renovável da Venezuela, da usina de Guri, que volta a ter um papel importante para garantir energia barata e sustentável para Roraima e para o Brasil", afirmou o ministro.
Atualmente, Roraima é o único estado que permanece fora do Sistema Interligado Nacional (SIN) e, até o começo de 2019, dependia da usina de Guri para atender à maior parte dos consumidores locais. A partir de então, passou a contar basicamente com usinas térmicas movidas a óleo combustível e a gás natural. De acordo com Alexandre Silveira, são necessários 46 caminhões-tanque de óleo por dia para abastecer somente uma dessas usinas, e o preço da energia chega a R$ 1.100 por megawatt-hora.
A energia da Venezuela, por sua vez, custa cerca de R$ 100 por megawatt-hora (MWh), e tem um benefício ambiental por ser totalmente renovável. A usina de Guri é uma das dez maiores do mundo, contando com 10.200 megawatts (MW) de potência instalada. A linha de transmissão inaugurada em 2001 pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e por Hugo Chávez, que liga a capital Boa Vista ao complexo hidrelétrico, permite escoar até 200 MW para o estado brasileiro.