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A repercussão internacional da libertação do ex-presidente Lula

STF julgou que prisão após condenação em segunda instância é inconstitucional; decisão beneficiou ex-presidente, que foi solto na tarde desta sexta-feira.

8 nov 2019 - 19h20
(atualizado às 19h55)
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Poucos minutos após o fim do julgamento no STF, o termo 'Lula' passou a liderar o ranking dos temas mais falados no Twitter mundial.
Poucos minutos após o fim do julgamento no STF, o termo 'Lula' passou a liderar o ranking dos temas mais falados no Twitter mundial.
Foto: RICARDO STUCKERT/DIVULGAÇÃO / BBC News Brasil

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva — que estava preso desde abril de 2018 na sede da Polícia Federal em Curitiba — foi solto na tarde desta sexta-feira (8/11).

Ele se beneficiou da mudança de entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre prisão após condenação em segunda instância.

Na noite de quinta-feira (7/11), o STF decidiu, por 6 votos a 5, que a prisão de pessoas condenadas pela Justiça só deve ocorrer após o esgotamento de todos os recursos possíveis — o chamado trânsito em julgado.

Além do ex-presidente, há outros 4.895 réus que poderiam potencialmente se beneficiar, segundo o Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Minutos antes de sua saída, o termo "Lula" liderava o ranking dos temas mais falados no Twitter mundial. Políticos também comentaram sua soltura em redes sociais.

Os principais jornais e veículos da imprensa internacional noticiaram a soltura do ex-presidente.

O jornal britânico The Guardian colocou uma chamada na home do site sobre a soltura. A reportagem, escrita pelo correspondente do jornal no Brasil, diz que ele foi recebido efusivamente por apoiadores ao deixar a carceragem.

O texto fornece explicação jurídica para sua soltura e descreve brevemente sua trajetória, dizendo que ele liderava as pesquisas de opinião para a presidência em 2018 quando foi preso e citando a chamada "Vaza Jato" — série de reportagens do site The Intercept Brasil que indicam supostas irregularidades da Força Tarefa da Lava Jato e do atual ministro Sergio Moro quando era juiz dos casos da operação em Curitiba.

A reportagem do jornal britânico avalia que é provável que sua soltura incetive a polarização política no Brasil.

O jornal americano The New York Times registrou o fato dizendo que Lula deve seguir com sua atividade política. O texto o descreve como "carismático" e enfatiza sua popularidade, citando políticas de inclusão social.

No segundo parágrafo, diz que "embora Lula não possa concorrer a um cargo público, a menos que consiga revogar sua condenação criminal, sua mera libertação pode causar alvoroço na política brasileira, colocando-o como um rival de esquerda do presidente Jair Bolsonaro, cujas políticas de extrema-direita deixaram o país profundamente polarizado".

O texto traz o contexto jurídico da soltura e avaliações sobre o impacto da decisão do STF para além do caso Lula.

O Times cita Thiago de Aragão, analista da consultoria de risco político da Arko Advice, em Brasília, que disse ao jornal que a decisão provavelmente fará os investidores pensarem duas vezes antes de fazer apostas de longo prazo no Brasil, porque será inevitavelmente interpretado como um revés na luta do país contra a corrupção.

"A corrupção é uma consideração muito significativa para os investidores que estão pensando em fazer um investimento de longo prazo no Brasil", disse ele ao jornal.

Outros veículos americanos e europeus também deram destaque à notícia, como o francês Le Monde, o italiano Corriere Della Sera e o americano Washington Post.

O pré-candidato à Presidência dos Estados Unidos pelo partido Democrata, Bernie Sanders, repercutiu o fato em sua conta no Twitter.

Ele diz que o ex-presidente "fez mais do que qualquer outro para reduzir a pobreza no Brasil e defender trabalhadores. Estou muito feliz que ele tenha sido solto da prisão, algo que não deveria nem ter acontecido".

O jornal Clarín, da Argentina, destacou o fato entre as principais chamadas de seu site e publicou um vídeo do momento da saída do ex-presidente.

O jornal reproduziu parte do discurso que Lula fez ao sair e descreveu o ex-presidente como "sorridente".

Outro argentino, o La Nación, também destacou a soltura de Lula em seu site.

O presidente eleito do país, Alberto Fernández, escreveu no Twitter que se comove "com a força de Lula para enfrentar a perseguição".

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, também comentou a soltura no Twitter, dizendo que "a verdade triunfou no Brasil".

A emissora de televisão do Catar Al Jazeera trazia a notícia no alto da home do seu site.

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