Acusado de matar Marielle, Ronnie Lessa conheceu irmãos Brazão em criadouro de passarinhos
Delação homologada pelo STF aponta que reuniões de criadores começaram em 1999
Em delação, Ronnie Lessa diz que conheceu os irmãos Chiquinho e Domingos Brazão nas reuniões de criadores de passarinhos, ocorridas desde 1999.
Ronnie Lessa, acusado de ser um dos executores do assassinato da vereadora do PSOL, Marielle Franco, e do motorista Anderson Gomes, afirmou em depoimento conheceu os irmãos Chiquinho e Domingos Brazão durante encontros com criadores de passarinhos.
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De acordo com a delação do acusado, homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), as reuniões de criadores começaram em 1999. Como Chiquinho também criava aves, a Polícia Federal (PF) entende essa é uma das situações que comprovam a ligação de Ronnie Lessa com os irmãos Brazão, conforme informado pelo jornal O Globo.
Os detalhes da delação foram tema no Fantástico, da TV Globo, no domingo, 26. Esta foi a primeira vez que Lessa admitiu ter praticado o crime que resultou na morte da vereadora Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes, em 2018.
As duas horas de depoimento gravado incluem a informação de quem são os mandantes, o que Lessa receberia pelo crime e o destino da arma usada no ataque, em 14 de março de 2018.
Segundo a reportagem, o pagamento pelo atentado seriam loteamentos clandestinos na Zona Oeste do Rio de Janeiro, avaliados em milhões de reais. A oferta dos irmãos Brazão seria para Lessa e um dos comparsas, Macalé (apelido do ex-PM Edimilson de Oliveira).
"Foi construído um criatório de passarinhos que é uma reprodução de curiós e bicudos na área ali próximo onde seriam os condomínios, na área da Chacrinha. Foi quando eu os conheci", conta Lessa.
A PF considera o hobby de Chiquinho Brazão de criar pássaros como explicação para a ligação com Macalé. Mas, em seu relatório, a Polícia Federal explicou que não encontrou elementos que comprovem a presença de Domingos Brazão ou de Ronnie Lessa nos eventos.
Ao Globo, o advogado Cléber Lopes, que defende Chiquinho Brazão, disse não haver lementos que sustentem essa versão: “Em verdade, há inúmeros elementos e circunstâncias que a desmentem. A versão de Ronnie Lessa é uma desesperada criação mental na busca por benefícios. São muitas as contradições, fragilidades e inverdades, as quais ficam mais claras a cada diligência e serão ponto a ponto demonstradas na defesa que será apresentada."
Também ao jornal, os advogados Marcio Palma e Roberto Brzezinski, que defendem Domingos Brazão, disseram que “não existem elementos que sustentem a versão de um assassino confesso”. “O próprio relatório da Polícia Federal, em várias ocasiões, admite não haver provas da narrativa apresentada pelo inidôneo colaborador. A fantasiosa versão de Ronnie Lessa é repleta de contradições e fragilidades que ficarão ainda mais evidentes à medida que forem submetidas à criteriosa análise do STF”.